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«O MARTE é um projecto de metodologias para a reinserção das mulheres desempregadas»

Cara a Cara – Entrevista

P-O MARTE – Modelo de Apoio à Reconversão de Mulheres Desempregadas do Sector Têxtil é apelidado como sendo um projecto pioneiro? Em que consiste?

R-O MARTE é um projecto para encontrar metodologias para a reinserção de mulheres desempregadas. Trata-se de um projecto-piloto com 12 mulheres desempregadas do sector têxtil, numa faixa etária situada nos 40 anos. O que estamos a tentar fazer é desenvolver metodologias para as reintegrar no mercado de trabalho. Isto é, vamos tentar ver se com o aumento das competências em áreas diferentes ou com a criação do próprio emprego seja possível e fácil a reinserção destas pessoas.

P-Porquê apenas um grupo de 12 mulheres?

R-Primeiro porque são as mulheres que se encontram em maior número no desemprego da região, provenientes principalmente da industria têxtil. Em segundo, porque apenas tínhamos dinheiro disponível para estas 12 pessoas.

P-Quando é que começou este projecto desenvolvido pelo Cilan – Centro de Formação Profissional para as Indústrias de Lanifícios?R- Começámos a trabalhar neste projecto em Julho do ano passado com a parte dos estudos de vocação das mulheres e só em Janeiro deste ano é que começámos a desenvolver a formação com este grupo de 12 pessoas. O projecto vai terminar em Julho de 2007, mas contamos ter já este ano as metodologias a adoptar sistematizadas.

P-Como é que está a ser feita a formação deste grupo de mulheres?

R-É um trabalho individualizado, até porque cada uma destas pessoas tem um percurso de vida e perspectivas diferentes para o futuro. Não estamos a trabalhar em forma de pacote, em que todas fazem a mesma coisa. Não é isso que pretendemos. As mulheres vão trabalhar elas próprias com as suas ambições e perspectivas de vida. Neste momento estamos numa fase de avaliação de competências, até para que as mulheres se possam conhecer a elas próprias e as suas capacidades. Depois, vamos passar à formação para que possam conseguir os objectivos que pretendem.

P-Será uma formação em novas tecnologias?

R-Sim, mas não só. Vamos dar formação em banda larga, porque é fundamental terem conhecimentos informáticos, mas também na parte comportamental e de atendimento. Também estão a fazer um curso de reconhecimento de competências, porque estas mulheres, à excepção de duas, não tinham concluído a escolaridade obrigatória. Quando tiverem o seu plano de inserção feito é que vamos proceder então ao plano de formação mais personalizado.

P-O objectivo é integrá-las numa empresa por conta de outrem ou criarem o seu próprio emprego?

R-Penso que vamos ter as duas situações.

P-Mas há potencial para inserir estas pessoas no mercado de trabalho regional?

R-É claro que para as pessoas com mais de 40 anos e provenientes da indústria têxtil não é fácil arranjar colocação imediata. Mas apesar de ser difícil, não é impossível. Apesar do desemprego existente, continua a existir mercado e há também perspectivas de se criar o próprio emprego ou de trabalharem em empresas com serviços diferenciados. E isso poderá facilitar a empregabilidade.

P-Qual é o futuro deste projecto financiado pela iniciativa Equal?

R-Este é um projecto de metodologias. Não estamos a fazer uma abrangência nem um trabalho de continuidade. O que queremos é que este trabalho fique como uma boa prática e que ajude a encontrar-se um caminho de diferenciação, de solução e ajuda aos desempregados. Se as coisas correrem bem, esperamos que se aproveitem estas metodologias na formação.

P-Mas se houver apoios, este projecto poderá ser alargado?

R-Se esta metodologia tiver sucesso, poderá ser disseminada e aproveitada pelos vários agentes para outros horizontes.

P-Aproveitada pelo Cilan?

R-Nós fazemos formação subsidiada. Este é um projecto comunitário, pelo que necessitaremos sempre de subsídios ou então da criação de mecanismos para que haja uma entidade que pegue nesta metodologia. No fundo, o que queremos é que esta metodologia, se vier a ter sucesso, seja aplicada a todos.

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