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O “lobby” e o desenvolvimento local

Crítica Construtiva

Nas sociedades democráticas, as empresas, organizações ou movimentos sociais, têm o direito e também o dever de se empenhar na defesa de seus interesses. Quanto mais democrático o País, maior é a interacção entre a sociedade e os poderes constituídos. Dessa forma, a actividade de “lobby” deve ser vista como uma prática legítima e que deve ser exercida com total compromisso, com ética e transparência.

O “lobby” pode ser entendido como grupo de pessoas ou organização que tem como actividade profissional buscar e influenciar, aberta ou veladamente, decisões do poder público, nomeadamente do legislativo, em favor de determinados interesses privados.

Nos EUA, fazer “lobby” é uma actividade antiga, legal e legítima: os lobbies instalam-se em escritórios dotados dos mais sofisticados recursos tecnológicos, contando com equipas técnicas de investigadores e especialistas em propaganda e marketing.

Em Portugal, temos tendência a confundir o “lobby” com práticas pouco transparentes e ilegítimas. Contudo, a verdade é que são as regiões e as cidades que mais capacidade de pressão demonstram que melhores resultados obtêm.

Neste domínio, na Guarda estamos entregues a nós próprios, sem qualquer capacidade de influência ao nível político de mais alto nível. A ausência de resultados visíveis da propalada amizade entre o Presidente da Câmara e o Primeiro Ministro, é o espelho fiel desta nossa incapacidade.

Também a outros níveis, como é o caso do ensino superior e em particular do Instituto Politécnico, temos sentido esta ausência: salvo raras excepções, as propostas que saem do Politécnico da Guarda, ou são aprovadas pelo seu valor intrínseco, ou ficam pelo caminho ano após ano, com argumentos que, depois, se mostram contraditórios e discriminatórios. É o caso, entre outros, do processo de aprovação de novos cursos no IPG: aquilo que temos assistido, é que as propostas bem fundamentadas e que inequivocamente cumprem todos os requisitos são aprovadas, enquanto outros cursos, que precisam do “empurrão” do poder político e do “lobby” local para ultrapassar algumas fraquezas, teimam em não sair do papel, inibindo o crescimento da instituição.

Contrariamente ao que acontece noutras cidades, em que o poder político, seja ele qual for, está sempre e incondicionalmente ao lado da sua instituição de ensino superior, infelizmente, a verdade é que o primeiro e principal inimigo do IPG é a própria cidade e muitos dos seus poderes instituídos. Claro que todos nós temos uma quota de responsabilidade deste estado de coisas.

Na ausência de uma base industrial que sustente o crescimento da cidade e da região, não nos podemos dar ao luxo de ignorar as instituições que nos ajudam a mantermo-nos à “tona da água”. Para combater o status, é pois urgente que todos, individual e colectivamente, nos concentremos mais no interesse colectivo e menos no interesse individual, por mais legítimo que ele seja. Dos profissionais do IPG, exige-se um esforço redobrado, mais dedicação, disponibilidade e espírito de sacrifício para superar as debilidades.

Por: Constantino Rei *

* Vice-Presidente do Intituto Polítécnico da Guarda

O “lobby” e o desenvolvimento local

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