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«O lar e centro de dia são um dos nossos grandes projectos»

Cara a Cara – Entrevista

P – O núcleo comemorou no sábado 80 anos de existência. Que balanço faz destes últimos anos?

R – O núcleo da Covilhã abriu as portas em 1926 e, por aqui, já passaram muitas direcções e também um ou dois períodos conturbados que ditaram o seu encerramento. Em 1980 houve três elementos que propuseram a reabertura e retomamos as iniciativas. Estou satisfeito com a actividade do núcleo ao longo destes anos. Há cerca de 20 anos que sou presidente, o que, em associativismo, pode ser um bom ou mau sinal porque parece que estamos agarrados à cadeira. Não é o caso e, neste momento, não pretendo abandonar. O mandato, de três anos, iniciou-se agora e temos pela frente grandes projectos, como a abertura do lar e centro de dia e da nova sede do núcleo.

P – Quantos sócios tem o núcleo?

R – Neste momento temos cerca de 1.300 associados. Mas em “stand by”, ou seja, quem já foi sócio mas abandonou, porque, por vezes, procuram o proveito próprio do que a solidariedade, temos cerca de dois mil processos.

P – Acha que os ex-combatentes têm tido o devido reconhecimento pelos esforços que desempenharam?

R – Ao longo dos anos tem havido um reconhecimento gradual, principalmente com a inauguração em 1993 do monumento aos combatentes em Lisboa, onde se encontram inscritos cerca de dez mil nomes dos combatentes que faleceram na guerra colonial de 1961 a 1974. Acho que foi um auto-reconhecimento e, todos os anos, é prestada homenagem pelas mais altas patentes civis e militares. Quanto à lei, também tenho a impressão que houve algum reconhecimento. Não somos daqueles que pensam que apenas há distinção quando há o elemento monetário. Para nós, há reconhecimento a partir do momento em que há um estatuto ou uma lei a zelar pelos nossos direitos (como a lei 9/2002). Nesse aspecto, penso que conseguimos alcançar um dos nossos objectivos, que era contar o tempo prestado no serviço militar para a idade da reforma.

P – O que gostaria que ainda fosse feito?

R – Por exemplo, necessitávamos de outro tipo de apoio aos ex-combatentes na altura em que atravessam a fase da reforma. Acho que o apoio que estamos a tentar dar na Covilhã com a criação do lar e centro de dia deveria ser alargado a outros locais do país, porque é isso que precisamos. Quando chegamos a esta idade, precisamos de apoio e acompanhamento psicológico e, sobretudo, de estar em convívio com outros camaradas. Os combatentes devem estar unidos, na Liga ou noutras associações, procurando sempre o ombro amigo que é dado de combatente para combatente.

P – O projecto do lar e centro de dia é um sonho antigo. Como está o processo neste momento?

R – Pensávamos iniciar as obras ainda este ano, mas não será possível. Esperamos que os trabalhos arranquem no início do próximo, até porque o principal apoio vem do PARES (Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais) e julgo que, até ao final deste mês, esses fundos serão distribuídos. Esta estrutura vai destinar-se a toda a população, pois iremos fazer acordos com a Segurança Social, embora seja dada preferência aos ex-combatentes. Mas é um empreendimento sem fins lucrativos e terá as portas abertas aos combatentes, familiares, amigos e população em geral.

P – Quanto vai custar a obra e qual a sua capacidade?

R – A previsão de custos é para cerca de um milhão de euros e será construída na zona nova da cidade. A sua principal valência será o centro de dia, mas teremos também apoio domiciliário. Para o lar, prevemos a construção de 16 quartos. Haverá ainda gabinetes de apoio e um espaço polivalente para a ginástica e outras actividades.

P – E a nova sede?

R – Estamos à procura de alternativas e, provavelmente no início do próximo ano, deveremos mudar para outro espaço. As actuais instalações não têm condições. Aliás, as nossas actividades, como a ginástica, o coleccionismo, entre outras, têm que ser realizadas fora de portas porque o espaço de que dispomos actualmente é muito limitado.

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