«Uma rede ambiciosa que assenta em interacção, parceria e profissionalismo». Francisco Pinto Balsemão falou com entusiasmo da “Rede Expresso”, um inovador projecto que visa a cooperação entre o maior semanário português e 17 jornais regionais de todo o país, entre os quais “O Interior”, escolhido pelo distrito da Guarda. A cerimónia de assinatura do protocolo teve lugar na passada quarta-feira em Paço de Arcos (Oeiras) nas instalações do jornal de maior circulação em Portugal. Para além da presença de todos os responsáveis pelos três diários e 14 semanários regionais de 16 distritos, que representam tiragens de 500 mil exemplares mensais com níveis de audiência superiores a um milhão de portugueses, o “Expresso” esteve representado ao mais alto nível com todos os seus directores.
«Pretendemos que haja uma presença mais regular e nítida do país no maior semanário de Portugal», indicou Pinto Balsemão, presidente do grupo “Impresa” e fundador do “Expresso”. Para tal, vai nascer uma secção intitulada “País Real”, na página 5, um «sítio “nobre” do jornal» onde semanalmente serão dados a conhecer «assuntos importantes» de todos os cantos do país aos milhares de leitores do “Expresso”, que tem dado até ao momento «excesso de espaço às grandes cidades», admitiu. «Precisamos de uma imprensa regional activa, que esteja no terreno a acompanhar a realidade nos mais diferentes pontos do país», sublinhou Pinto Balsemão, para quem é cada vez mais importante que a sociedade se organize «em rede». Nesse sentido, afirmou que o protocolo de cooperação é «apenas um papel» e que dependerá de todos os seus intervenientes fazer com que venha a ter uma utilidade prática. «Mas estou certo de que este é o caminho certo», acredita. A selecção dos 17 jornais regionais, entre os quais “O Interior”, foi feita «criteriosamente» nas vertentes informativa, noticiosa e empresarial, bem como relativamente à sua inserção e enraizamento sócio-cultural nas respectivas comunidades. «A garantia que dei à direcção e à administração foi a de que com estes jornais tínhamos os melhores de cada um dos distritos», refere Afonso Camões, coordenador da “Rede Expresso”, que se mostrou «”preocupado”» com a «importância» que o “Expresso” está a conferir ao “País Real” atribuindo-lhe a página 5.
Independência é base do sucesso
Outro factor tido em conta deveu-se ao facto dos jornais regionais escolhidos estarem sediados em centros urbanos onde existam universidades ou politécnicos, por aí «residir um maior potencial de juventude e desenvolvimento de massa crítica». Para José António Saraiva, director do semanário, o protocolo é «uma porta que se abre» e, embora se desconheça ainda «até onde ela nos pode conduzir», acredita no sucesso desta parceria «original», mesmo em termos internacionais. Para além da troca de informação, a “Rede Expresso” prevê ainda o aproveitamento de sinergias nas áreas comercial, marketing, impressão, distribuição, organização de debates e formação profissional, na certeza dos jornais regionais poderem «sempre contar com a nossa lealdade», garante o director do “Expresso”. «A existência de uma imprensa regional que nos informa sobre os lugares a que pertencemos terá uma influência importantíssima no mundo globalizado», considera José António Saraiva. Nesse sentido, «é no diálogo entre a informação local e a global que a imprensa deve prosseguir», assegura, lembrando que a independência é uma «condição básica» para o êxito. «Não estamos subordinados nem a partidos, nem a grupos económicos, o que nos permite fazer uma imprensa séria, mas com capacidade de sedução», realça. Para além de “O Interior”, os restantes membros fundadores da “Rede Expresso” são o “Diário do Minho” (Braga), “Alto Minho” (Viana do Castelo), “Nordeste” (Bragança), “A Voz de Trás-os-Montes” (Vila Real), “O Aveiro” (Aveiro), “Jornal do Centro” (Viseu), “Diário das Beiras” (Coimbra), “Região de Leiria” (Leiria), “Reconquista” (Castelo Branco), “Gazeta das Caldas” (Caldas da Rainha), “O Ribatejo” (Santarém), “Linhas de Elvas” (Elvas), “Diário do Sul” (Évora), “Sem Mais Jornal” (Setúbal), “Diário do Alentejo” (Beja) e “Jornal do Algarve” (Vila Real de Santo António).
Ricardo Cordeiro
