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“O hospital defunto”

Crónica Política

Uma das características da mente humana é o esquecimento. Este processo permite-nos colocar em arquivo factos e preocupações que por se terem passado há já algum tempo, ou por razões que têm a ver com novos acontecimentos, vão libertando as disponibilidades da nossa agenda mental para novos dados e conteúdos, que passam assim a constituir-se em novas preocupações.

Este mecanismo de defesa natural e de limitação das nossas capacidades, é muitas vezes deliberadamente utilizado por nós, tanto na nossa vida pessoal e colectiva, bem assim como na vida política.

O esquecimento das coisas faz que elas desapareçam como se estivessem resolvidas e permite-nos a ilusão de termos a cabeça na areia, sem que de tal demos conta.

Vem tudo isto a propósito do famigerado novo Hospital da Guarda que parece estar votado deliberadamente ao esquecimento, depois de tanta tinta ter já feito correr.

Não deixa tudo isto de ser estranho, tanto mais que ele foi erguido como uma grande bandeira eleitoral, agora parece que arreada, como se todo este silêncio fizesse deste assunto coisa já resolvida.

Ou será que se está à espera do início de uma qualquer campanha eleitoral, para com uma visita de um qualquer Secretário de Estado se fazer mais uma encenação e ressuscitar o defunto?

Tudo na vida tem o seu tempo próprio, e neste caso do hospital o tempo corre sempre contra a Guarda.

Nos meandros dos ministérios, e pela boca daqueles técnicos que não são políticos, já corre que este hospital da Guarda não é para fazer, e é preciso isso sim, ir esvaziando progressivamente o actual, pois não se justifica, segundo eles, com dois grandes hospitais próximos, o da Covilhã e de Viseu.

Parece-me pois que, à falta de outros empenhos, é chegada a hora de todas as forças vivas da Guarda fazerem erguer novamente esta bandeira, mas agora com a cor do interesse colectivo, e sem qualquer mansidão, fazerem ouvir a sua voz nos locais aonde tudo se decide e para os quais a Guarda continua a não passar de um simples acidente no mapa.

Por: Álvaro Estêvão

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