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O Herman

Saliências

Este artigo é impróprio e se calhar inaceitável, tal como os programas do Herman.

No programa do Herman há peidos à boca de cena. Na programação está aquilo que o povo quer ver? Vem a Zefa do peito peludo, a Dialina das tetas pingadas, a Evarista que abre as pernas para amar os mortos, o produtor de viúvas ordinárias, o malabarista com vibradores, os amantes sem tesão, e todos a mostrar de modo mimoso e gratificante a besta que lhes vai dentro. Juntam-se aberrações, porcos, políticos, caçadores, pescadores e outros vigaristas, aldrabões e charlatães. Como pode um Senhor expor-se antes duma doida? O que leva uma Senhora a sentar-se ao lado de um ordinário? Que faz o peido com a filosofia, o arroto junto à moda, o chulé perto da virtude? Mas o que é isto? Que televisão é aquela por onde se embrenha o Herman agora? Que estranhos “prazeres” são estes que nos dão? Na política despontam figuras de “arrebimba o malho”. Os “cabo de esquadra” crescem a olhos vistos e pavoneiam a estupidez ilimitada. Ser imbecil pode chegar a GT turbo, a compressão com injecção especial. Aquilo que um dia eram doenças do comportamento, mania das grandezas, problemas psiquiátricos, agora dão lucro como outrora deu a exposição dos defeitos e doenças físicas. Recordam o gigante Mangecasa? Acompanhava-se de um anão nas feiras. Recordam o homem elefante? Quem esquece o corcunda de Notre Dame? Só falta entrevistar a miséria profunda. Os macacos que se exibem fora das clínicas psiquiátricas. Falta ver o Ministro a cagar, falta interpretar em público o sexo tântrico, faltam as lésbicas beijarem-se durante o programa, entre luzes e música ao vivo. Faltam as putas da estrada, com o sorriso desdentado, os meninos da Casa Pia a contar os demandes do Bibi. Mas não falta muito porque se o Herman descobrir que aquilo dá público, o público vai ter aquilo que gosta? Só é comparável o noticiário desdentado, doentio, pesquisador de misérias da TVI. Manuela comenta, deixa insinuações e sobretudo trata como quer as notícias em que pessoas sãs são tocadas, manchadas, sem direito à resposta eficaz. Há gente a expor as cicatrizes como no metro de Lisboa. Há histórias odiosas em que “a justiça” se lava no rio. Depois há o “Big Brother” da TVI. A colecção mais espantosa de besouros, abelhas e baratas jamais dada a conhecer em Portugal. Isto é um Zoo, não é um Museu. Isto é o início do regresso da direita radical. É disto que tenho medo, quando chegado o limite da tolerância decidirmos que basta. É disto, da aversão a tudo isto, que vive a intolerância islâmica. Eu observo espantado. Não estão a perceber para onde estamos a ir?

Por: Diogo Cabrita

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