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«O futuro do associativismo de bairro não é risonho»

Cara a Cara – Entrevista: Victor Martins

P – Por que decidiu recandidatar-se à presidência do Arsenal de S. Francisco?

R – Antes de mais, porque a situação de comissão administrativa em qualquer clube não é a melhor. Depois, porque é o meu clube do coração e o único que realmente tenho. Achei por bem recandidatar-me e recomeçar os destinos do Arsenal, uma vez que é um clube que, após a reabertura, não tem muitos anos e a crise tem afectado o associativismo e as pessoas não estão dispostas para andarem nestas andanças. Isso não quer dizer que tenho disponibilidade a cem por cento, mas acho que quem aceita andar nestas casas tem que ter, pelo menos, um bocadinho de tempo, vontade e gosto por estas coisas.

P – A que se fica a dever a designação de Arsenal de S. Francisco?

R – Segundo os sócios fundadores, alguns ainda vivos, o nome de Arsenal deve-se ao facto de, na década de 50, ter havido muitas equipas estrangeiras que vieram jogar a Portugal, entre elas o Arsenal, de Londres, e foi daí que nasceu. O Arsenal de S. Francisco foi fundado em 1954, mas os seus primeiros sócios já se intitulavam como arsenalistas desde 1952, num célebre torneio de futebol de onze que foi muito disputado e que ganhámos. Foi a partir daí que esse grupo de jovens assumiu o nome do Arsenal para fundarem o seu grupo. Arsenal de S. Francisco, porque está situado na zona de São Francisco.

P – Quais as principais actividades que a colectividade promove no seu quotidiano?

R – Basicamente todas aquelas que podemos ter dentro das nossas possibilidades. Não são torneios federados, mas são provas que qualquer clube normalmente faz. As nossas actividades são o futsal, as damas, os torneios de sueca, que fazemos pelo aniversário entre sócios e outro em homenagem ao nosso sócio e fundador da reabertura do Arsenal, António João Martins, a 8 de Dezembro, dia da padroeira, juntamente com as festas da freguesia da Conceição. Temos há dois anos quatro sócios que participam em provas de BTT com o apoio do Arsenal, dentro das nossas possibilidades. Fazemos ainda caminhadas e um torneio de matraquilhos uma vez por ano.

P – Quantos sócios tem?

R – No ano passado, quando o ficheiro foi actualizado, contávamos com 465 sócios pagantes.

P – É um número que gostaria de aumentar?

R – Para ser sincero, acho que será difícil com a crise, mas nós tentamos sempre promover alguns convívios para aproximarmos as pessoas do Arsenal, para mantermos os sócios que temos e cativar outros.

P – Este tipo de associativismo de bairro tem futuro?

R – Pela experiência que tenho e das conversas que tenho com colegas quando vou a outros eventos, o panorama está mau. O futuro não é risonho porque estas casas sem os subsídios não poderão ter continuidade. Também temos a parte física,pois nem toda a gente está disposta a perder o seu tempo nestas casas. Eu sei isso, porque também pertenço a outras colectividades e sei o que se está a passar por lá. Por isso, fico bastante contente pela situação do Arsenal e pela forma como se mantém. Está com direcção, temos projectos, massa associativa e, enquanto pudermos, esta direcção assegurará um futuro risonho.

Victor Martins

«O futuro do associativismo de bairro não é
        risonho»

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