por Pedro Martins (11º A)
A ideia de eternidade é-nos tão próxima, tão contígua, tão fácil que, não raras vezes, é por nós tida como verdadeira. É, nitidamente, o presenciar da sucessão contínua de segundos, minutos, horas que nos leva a confiar num amanhã certo, numa próxima semana incontestável, num ano seguinte evidente. É irreparável. Segundo isto, programamos toda uma vida para a qual não concebemos um fim. Não só não o prevemos… Não o imaginamos. A vida é para todos nós algo evidente, habitual. Vivemos hoje porque já vivíamos ontem… Decerto viveremos amanhã.
Creio ser esta a forma de pensar da grande maioria das pessoas. Não as incrimino por isso. Pelo contrário, vejo nesta forma de pensar uma crença constante, sempre motivadora, sempre benéfica. Ainda assim, penso de forma diferente. Recuso a abordagem primitiva da eternidade, da infinidade, da perenidade. Refugio-me na instabilidade, na imprevisibilidade. Talvez não seja uma abordagem tão fácil. O pensamento incessante de que tudo é frágil, de que tudo é finito, de que tudo morre é muitas vezes assustador, desmotivante, inglório. No entanto, considero que é a perspectiva que acarreta consequências mais vantajosas: a perda não é tão difícil. É expectável a todo o momento. Talvez seja uma abordagem muito crua e fria da realidade, admito-o. É a minha… Não me permite luto ou crença numa vida póstuma. Não. A razão apenas se deixa conjugar com a saudade, com a recordação. E tudo é natural, tudo é bom.
Concluo, destacando a importância da morte, de um fim. Por mais absurda que esta ideia seja numa primeira instância, é totalmente cognoscível e razoável. Num tempo em que de tudo se faz para aumentar a longevidade de tudo e em que a esperança média de vida constitui um indicador de desenvolvimento nacional, será de prever que quanto mais se vive melhor. Discordo. E esta minha discordância assenta no facto de a minha conceção de viver não ser igual à da maioria. Viver equivale à existência dotada das mínimas faculdades mentais. Tudo o que se encontra para além disto considero apenas sobreviver. Agora questiono: Será benéfico para alguém arrastar a todo o custo uma existência vegetativa? Será aceitável a agonia imposta? Não sou apologista da eutanásia ou qualquer tipo de homicídio. Creio que a natureza se encarrega de tudo, porque afinal a morte é tão natural como a vida: são ambas fases cruciais deste magnífico ciclo. Independentemente de qualquer abordagem, creio ser unânime o facto de todos querermos usufruir o máximo da vida, de todos querermos ser felizes. Afinal, parece ajuizado afirmar que “a morte é a mais perfeita invenção da vida” (Steve Jobs).