Acabou. Parece que foi ontem que começou e já chegou ao fim. Para o ano ainda haverá alguns minutos extra para deliciar os mais fanáticos e insatisfeitos, mas o que havia de fundamental terminou. Finito. The end. C’est finni.
A maior (e melhor) aventura de todos os tempos chegou ao fim, com a estreia, na passada semana, de «O Regresso do Rei». Esqueçam todos os «Matrix», «Guerra das Estrelas» ou derivados. Se há uns anos atrás, poucos, parecia impossível adaptar para cinema a obra de Tolkien, é agora impossível ficar indiferente à adaptação que Peter Jackson fez. Sem se prender em demasia à estrutura desenhada por Tolkien – quantas não foram já as adaptações para cinema de grandes obras que se espalharam ao comprido por cometerem tal erro, de não terem conseguido entender as diferenças que existem entre literatura e cinema – Peter Jackson criou um mundo fantástico e fabuloso, socorrendo-se apenas e só do que de mais importante os livros de Tolkien forneciam, sem, no entanto, desvirtuar o que de fundamental «O Senhor dos Anéis» ofereceu ao longo de tantos anos, a milhares (milhões?!) de leitores ávidos em se deixarem perder num mundo de sonho.
Para muitos, a segunda parte desta aventura, «As Duas Torres», foi uma ligeira desilusão quando comparada com a anterior «A Irmandade do Anel». A sumptuosidade do primeiro, onde o equilíbrio de forças e ritmo surgia com espantosa mestria, contrastava com o gritante desequilibro por demais visível naquele que era o mais difícil dos três filmes, já que não existia na realidade um inicio e fim. Situado, ou antes, sitiado, numa terra de ninguém, a meio de tudo, «As Duas Torres» só com o lançamento da edição alargada, e visto em conjunto com as outras duas partes, se conseguiu validar, e ressurgir com uma força até ali ausente.
A dúvida que ia na cabeça de todos era de tentar saber que caminho iria desta vez tomar o realizador neo-zelândes. Recuperaria «O Regresso do Rei» a magia, profundidade e equilíbrio de «A Irmandade do Anel», ou ficar-se-ia Peter Jackson pelo tom mais ligeiro, bem humorado e com acção a ritmos alucinantes e de encher o olho ao mais cego dos espectadores?! Na verdade, Peter Jackson não optou por nenhuma dessas hipóteses, tendo conseguido encontrar uma terceira via, conciliado o que de melhor cada um dos dois anteriores filmes tinha.
Correm rumores de que a primeira versão do capítulo final de «O Senhor dos Anéis» saída da mesa de montagem teria algo como seis horas de duração. Uma monstruosidade. Uma muito provavelmente deliciosa monstruosidade, acrescente-se. O resultado saído para as salas de cinema, ainda assim, é algo de assustador para o comum espectador, pouco habituado a filmes que ultrapassem as duas horas de duração. São três horas e meia de filme as que Peter Jackson necessitou para concluir a maior aventura de todos os tempos.
Para quem tenha tido a oportunidade de ver em cinema as três obras de seguida é agora difícil separar os três filmes. Não há, na realidade, três filmes. Juntos, sem intervalos de um ano, como filme único e unido, tudo faz sentido. «O Senhor dos Anéis» é, de facto, um só filme, que para o ano, com a sua conclusão através do lançamento da versão alargada deste capítulo final, terá quase doze horas de duração. Nunca na história do cinema se tinha feito algo de tão grandioso, com tão bons resultados. O cinema, como arte, é também entretenimento, e com o completar de «O Senhor dos Anéis» essa faceta do cinema atinge o seu momento mais alto.
P.S.: Eles bem insistiram, mas nós não cedemos e não passámos a sair às sextas. Sendo assim, os distribuidores de cinema portugueses decidiram começar a estrear os filmes às quintas. É já a partir de dia 1.
Por: Hugo Sousa
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