O deputado do Bloco de Esquerda (BE) na Assembleia Municipal (AM) da Guarda recusou-se a aprovar, na última sessão, realizada na terça-feira, a acta referente à reunião anterior – para a qual Jorge Noutel não foi, alegadamente, convocado. «Não fomos convocados, não pudemos comparecer», justificou o eleito.
Depois da reunião, realizada a 30 de Setembro, o próprio escreveu ao presidente da Assembleia Municipal, João de Almeida Santos, para dizer que considerava a referida sessão «ilegal» pelo facto do seu partido não ter sido convocado. «Esperamos que a ilegalidade da não convocação do BE, bem como o facto de não nos ter sido enviado quaisquer documentos, seja fruto de uma falha administrativa e não política», lê-se na missiva a que O INTERIOR teve acesso e na qual Jorge Noutel ameaçava que «a não correcção desta ilegalidade obrigar-nos-á a recorrer a medidas legais». Contudo, a resposta também tardou em chegar. Tudo porque, ao que parece, a carta do presidente da Assembleia Municipal ter-se-á, também ela, extraviado. Só que João de Almeida Santos atribui a “culpa” do sucedido aos CTT. Uma explicação que Jorge Noutel parece aceitar: «A convocatória foi enviada para minha casa e para a sede do BE», explica.
No entanto, uma série de percalços e o facto de não estar ninguém na residência do deputado fizeram com que o carteiro não pudesse aceder à caixa de correio e «não deixasse um aviso». Já na sede do BE, a correspondência chegou às mãos de um militante que terá acabado por deixá-la «numa cabeleireira junto à sede, que, simpaticamente, se comprometeu a fazê-la chegar a um camarada. Contudo, a senhora esqueceu-se», conta Jorge Noutel a O INTERIOR. «Eu não posso culpar terceiros ou os funcionários da AM, nem quero admitir que isto tenha sido má-fé por parte dos responsáveis, nem quero ir por aí», acrescenta. Mesmo assim, o único deputado municipal do Bloco na Guarda diz que vai esperar pela resposta de Almeida Santos. «Foi-nos dito que a carta será novamente enviada, pelo que deve chegar dentro de dias», espera, não sem antes avisar que o BE vai tomar uma decisão «mediante o seu conteúdo».
Rosa Ramos
