Não deixa de ser curiosa a forma reverencial como em Portugal se olha para o Estado, ao mesmo tempo que se tem um enorme desprezo pela vida dos seus cidadãos.
Primeiro, faz-se um enorme barulho porque o Estado é grande de mais. Precisa de emagrecer! Mas logo de seguida, os mesmos que o afirmavam fazem uma cura de emagrecimento à custa… de “um enorme” aumento de impostos. É como uma dieta à base de um enorme aumento de calorias.
Mas não se ficam por aqui as curiosidades. O líder da CGTP, Arménio Carlos, indignado com o aumento do IRS, recomenda que… se aumente o IRC! Ou seja, que haja mais impostos, dá ele de barato, mas que seja à custa das empresas.
E o mesmo faz o resto da esquerda. Não quer mais impostos, mas não quer reduzir os custos do Estado. Outros apontam para a extinção de institutos, fundações e outras gorduras do género, esquecendo, como assinalava Miguel Sousa Tavares, que isso corresponde ao despedimento de dezenas de milhares de funcionários, o que teria a imediata condenação dos mesmos que querem cortes “nas gorduras”.
É por isso que o ministro Vítor Gaspar pode dizer, com aquele ar santificado, que pretende “suavizar o aumento de impostos”. O que está a mais na frase é a palavra aumento, mas curiosamente as pessoas parecem aceitá-la.
A carga fiscal em Portugal, porém está no seu limite máximo. E não é só, como dizem (bem) alguns economistas, pelo facto de ser contraproducente aumentar mais as taxas. É porque já é imoral o peso que o Estado tem no saque dos rendimentos privados. Só é possível que se aumentem alguns impostos se o intuito for baixar outros e melhorar a redistribuição de riqueza.
O que é preciso dizer é que o Estado tem de viver com menos, porque não pode consumir uma parte tão grande da riqueza gerada no país. Porém, está a acontecer o inverso. O Estado saca cada vez mais dinheiro para pagar as suas dívidas, impedindo os cidadãos de cumprir os seus próprios compromissos. Não é por acaso que cada vez mais pessoas têm de entregar as suas casas ou carros que não puderam pagar. Apesar disso, continuam a entregar ao Estado somas astronómicas de impostos, seja em IRS, em IMI, em IVA ou em taxas sobre a gasolina e um sem número de outros bens.
O Estado está a arruinar os seus cidadãos para se salvar a si mesmo. E isso é imoral!
Por: Henrique Monteiro