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O dia que mudou o mundo!

mitocôndrias e quasares

Este último ano tem sido particularmente intenso em catástrofes naturais espalhadas um pouco por todo a globo, sendo as mais mediáticas o tsunami que assolou o Sudoeste Asiático, no final de 2004, e mais recentemente, o furacão Katrina que atingiu a cidade de New Orleans e o sismo que atingiu o Paquistão. Desta forma não é de surpreender que a ONU tenha classificado este ano como um dos anos em que os fenómenos naturais causaram mais devastação.

Não deixa de ser irónico que esta classificação surja poucos dias antes da passagem dos 250 anos sobre o Terramoto de Lisboa, como ficou conhecido o sismo que atingiu Lisboa e o sul da Península Ibérica, e que para muitos é considerada a primeira grande catástrofe natural da Era Moderna.

Os sismos encontram-se entre os fenómenos naturais mais devastadores que ocorrem na Terra, recordando-nos, regularmente, que esta não é um pedaço de terra inactivo, que permanece imutável ao longo do tempo. Pelo contrário, uma das principais características deste planeta é que é um corpo dinâmico em mutação.

O sismo ocorre quando as rochas, sujeitas a grande tensão, subitamente se quebram, libertando a energia acumulada, que faz tremer o solo, enquanto as vibrações se difundem, como as ondulações na água provocadas pela queda de uma pedra, a partir do epicentro. Este ponto, o epicentro, é o local onde a devastação é maior, uma vez que é o local à superfície da Terra situado mesmo por cima da zona onde ocorre o sismo. A avaliação dos estragos provocados por um sismo pode ser feita através de duas medidas: a Escala de Mercalli Modificada, de 12 pontos, ou a Escala de Richter.

A Escala de Mercalli Modificada avalia a intensidade, que representa a medida do efeito local do abalo, e que varia segundo a distância de origem e a força intrínseca do mesmo. Por sua vez, a magnitude é a medida de força de sismo na sua origem (foco), o que significa que um sismo de magnitude 7 é violento e um sismo de magnitude 8 é devastador. Para se ter uma ideia da devastação do sismo de 1755, este teve magnitude entre 8,5 e 9.

A maior parte dos abalos sísmicos ocorre em estreitas faixas ao longo dos limites das placas tectónicas.

Em termos geológicos, uma placa é uma “grande laje”, formada por rochas rígidas. O termo tectónica vem da raiz grega ” construir.” Unindo estas duas palavras, passamos a ter tectónica de placas, o que quer dizer que a superfície da terra é construída por placas. A teoria da tectónica de placas diz-nos que a camada superficial da terra – litosfera – está fragmentada numa meia dúzia de placas maiores, e algumas outras menores, que estão em movimento relativo umas em conexão com as outras, enquanto assentam sobre uma camada estrutural mais quente, menos rígida e mais móvel – astenosfera. A tectónica de placas é um conceito científico relativamente recente, introduzido há cerca de 40 anos, que permite compreender o planeta como uma entidade dinâmica.

Desta forma, os abalos sísmicos podem ser causados pelos movimentos das placas, que por sua, vez resultam de correntes de convecção nos fluidos quentes da astenosfera. Por outro lado, alguns tremores de terra estão associados à actividade vulcânica e são causados pelo recuo magma. Os colapsos de minas e cavernas podem causar pequenos abalos sísmicos.

A diferença entre pequenos ou grandes sismos reside principalmente na quantidade de rocha sujeita á tensão, e não tanto nas diferenças das resistências dos vários tipos de rochas.

Os sismos são sempre acontecimentos com grande impacto social, económico e político, e neste sentido o Terramoto de Lisboa foi bastante especial. O impacto que este fenómeno teve a nível global foi tão grande que a partir daquele 1 de Novembro de 1755 o mundo passou a ser diferente. E mais do que o mundo, foi a consciência colectiva de todos nós que despertou para uma nova realidade…

Por: António Costa

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