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O contexto político da Europa nos séculos XVI e XVII

No início do séc. XVI, os fundamentos e o poder da Igreja Católica Romana começaram a ser postos em causa. Em 1517, a situação atingiu um ponto de rutura com o início da reforma protestante, liderada por Lutero, que provocou profundas divisões, políticas e religiosas, em toda a Europa Ocidental. Alguns anos mais tarde (em 1534), apareceram, ainda, outros movimentos reformistas protestantes, nomeadamente, o calvinismo, nos Países Baixos, e o anglicanismo, na Inglaterra de Henrique VIII. Para tentar travar a expansão protestante na Europa, foi convocado o Concílio de Trento (em 1545) do qual saiu um novo movimento reformista cristão, que ficou conhecido como a Contra-Reforma.

Em meados do séc. XVI, subiu ao trono o jovem monarca Filipe II, de Espanha, que tinha herdado do seu pai, o imperador Carlos V, um vasto império colonial que, na Europa, se estendia de Espanha até aos Países Baixos. Filipe II chegou a ser rei consorte de Inglaterra durante quatro anos (entre 1554 e 1558), devido ao seu casamento com Maria I, de Inglaterra. Sendo um defensor da Fé católica, Filipe II concentrou os seus esforços na luta contra a expansão do protestantismo (a heresia luterana).

A pesada tributação, as perseguições religiosas aos calvinistas e o terror espalhado pelo Duque de Alba, deram origem a uma forte oposição nos territórios ocupados pelos espanhóis nos Países Baixos. Tudo isto culminou na revolta holandesa, liderada por Guilherme I, de Orange, que ficou conhecida com Guerra dos 80 anos (entre 1568 e 1648). Mas, nem todos os territórios dos Países Baixos eram hostis a Filipe II, de Espanha. Com efeito, os territórios mais a sul, nos Países Baixos (a atual Bélgica) decidiram formar a União de Atretch (em 1579), mantendo a religião católica e a sua lealdade ao rei espanhol. Nesse mesmo ano, as províncias protestantes do norte dos Países Baixos decidiram formar a União de Utrecht (também conhecida como República Holandesa).

Com o tempo, as rivalidades entre católicos e protestantes alastraram à Europa Central e estiveram na origem da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), despoletada pela famosa defenestração de Praga. A defenestração era uma prática corrente no século XVII, como se pode constatar pela defenestração de Lisboa (onde o traidor, Miguel de Vasconcelos, foi atirado da janela do Paço da Ribeira para o Terreiro do Paço, no dia da restauração da independência de Portugal, em 1640), que deu início Guerra da restauração em Portugal (1640-1668).

Com a assinatura da Paz de Vestefália (os Tratados de Münster e Osnabrück), em 1648, terminaram os dois mais ferozes conflitos militares da Europa nos séculos XVI e XVII e reconheceu-se, oficialmente, a independência da República Holandesa e da Confederação Suíça.

António Morgado, Figueira de Castelo Rodrigo

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