Não posso deixar de comentar a atitude e as palavras de Virgílio Bento que, pasme-se, convoca uma conferência de imprensa expressamente para repudiar a atitude do candidato do PSD, por este não ter dado os parabéns ao vencedor das autárquicas, na Guarda.
Convenhamos que, em princípio, não é uma atitude bonita a protagonizada por Crespo de Carvalho, mas daí a criar-se tão grande encenação é manifestamente excessivo, até porque:
Muitos se terão apercebido, durante a campanha, dos cartazes da oposição arrancados (Bairro da Luz e Torrão), rasgados, com desenhos de bigodes e inscrições, cuja leitura é, de todo, desaconselhada (Escola da Sé), cortados às tiras, com lâmina (Piscinas).
Os autores desta façanha, até porque nenhum cartaz do PS foi vandalizado, só podem ter sido os mesmos que interceptaram e agrediram fisicamente, ao ponto de lhe partirem os óculos, na Sequeira, o tal candidato que já havia sido agredido nas fotos e que terá acabado por apresentar queixa na PSP.
Estes factos, protagonizados pelos apoiantes do partido de Bento, não merecem uma única palavra de repúdio a um tão “grande democrata”? (…)
Não deveria também ter aproveitado para criticar a atitude do candidato Valente, se ter servido de meios camarários em proveito próprio?
(…) E o que dizer da ameaça, cacique, do candidato Valente, de nome, de asfixia financeira, às freguesias que não votassem nele ou nas listas do seu partido?
Também não terá visto as imagens obtidas na Associação Recreativa da Sequeira em que Valente gritava, a plenos pulmões, que o PSD nunca, nunca, mas mesmo nunca, conseguiria ganhar a Câmara da Guarda, uma vez que estas afirmações contrariam o princípio da alternância, implícito no conceito de democracia, sendo que não é legitimo que alguém consiga aprisionar o voto dos eleitores. A afirmação, só por si, é grave e reveladora de práticas de caciquismo que importa investigar e combater.
Por tudo isto e muito mais, o que se exigia de Virgílio Bento é que tivesse estado calado.
Manuel dos Santos, Guarda