O comandante campeão

Comandante da PSP de Gouveia desde outubro do ano passado, Patrício Almeida habituou-se a “despir” a farda de oficial aos domingos para vestir o equipamento de guarda-redes da Associação Desportiva Recreativa e Cultural de Aguiar da Beira no campeonato distrital de futebol. Quis o destino que na época de estreia a conciliar as duas funções, se sagrasse logo campeão distrital ao serviço do clube da sua terra e para a próxima temporada a “aventura” vai continuar na IIIª Divisão Nacional.

Assume que «não é fácil» aliar as duas facetas mas garante que é possível fazê-lo graças a «muito trabalho, organização, dedicação e gosto pelas duas atividades», agradecendo também a «compreensão» demonstrada pelo treinador ao longo da temporada. «Por vezes sou obrigado a faltar a alguns treinos mas depois tento compensar noutros», realça. Aos 27 anos, Patrício Almeida já interrompeu várias épocas o seu trajeto futebolístico em virtude de ter passado sete anos fora de Aguiar da Beira, cinco deles a estudar no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna, e depois a dar formação a futuros agentes. Começou a jogar futebol federado nos juniores e no primeiro ano de séniores sagrou-se campeão distrital também ao serviço do Aguiar da Beira, em 2003. Desde aí representou ainda Sernancelhe e Penaverdense, tendo estado duas épocas sem jogar até aceitar o convite do seu clube de coração no início da presente época que viria a culminar com a conquista do campeonato distrital. Nos primeiros dois jogos ainda ficou no banco de suplentes, em virtude de não ter feito a pré-época, mas a partir daí assumiu a titularidade e tornou-se numa das “vozes de comando” no balneário e no campo juntamente com outros elementos mais experientes: «Decidi aceitar o convite porque o futebol é um gozo pessoal que tenho e é o clube da minha terra, onde tenho muitos amigos», sublinha.

No seio do plantel, o facto de ser comandante da PSP de Gouveia é «encarado de forma natural e acabam por verem em mim um líder e um colega», relembrando que a maioria dos elementos do plantel eram «muitos jovens, tirando três ou quatro pilares». De resto, um dos guarda-redes menos batidos do Distrital assume que também faz por manter as duas funções «separadas», já que a sua profissão é ser oficial e o futebol é uma atividade extra. Patrício Almeida considera que o seu caso pode ser um «exemplo» e uma «boa oportunidade para os mais jovens» se aperceberem que «as pessoas conseguem estudar, ter o seu trabalho e manter uma atividade extra». Recorda que esteve sete anos em Lisboa e «vinha todos os fins-de-semana a casa», sendo a prova viva de que é possível conciliar o futebol e com um cargo de responsabilidade como é o de comandante de uma esquadra da PSP.