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O clube dos quatro

Semana sim, semana sim, a Guarda, o concelho ou a região, têm recebido a visita de um secretário de Estado ou de um secretário de um secretário de Estado. Distribuem-se pacotes financeiros para quase tudo, em especial na segurança social ou para o bombeiral. E que faz tanta gente importante no interior? Assinar protocolos e mais protocolos. Se houvesse proveitos… o êxodo rural já estaria estancado. Mas nada, não saímos da cepa torta. Os governantes gostam é do farnel com que regressam à capital. Uns queijitos, umas garrafitas, uns requeijões… e há sempre uns almoços bem regados. Bem podiam ficar em Lisboa e chamar lá os presidentes de Câmara para assinar os ditos protocolos (alguns autarcas andam também quase sempre por lá, não se sabe é a fazer o quê). Poupava-se muito. Mas, claro, não haveria foguetório e folclore eleitoral.

Os ministros são um pouco mais selectivos, no último mês só vieram três (e mais Teixeira dos Santos que veio almoçar e pirou-se em grande velocidade), todos a concelhos socialistas. O ministro da Cultura lá teve que ir a Foz Côa. Quinze anos depois de António Guterres ter prometido o céu e a terra aos fozcoenses, porque as gravuras não sabiam nadar, lá veio o governante pré-inaugurar o Museu (a sério só em Outubro). Percebeu-se que o Ministério socialista da Cultura e a Câmara socialista de Foz Côa estavam em sintonia: não sabem o que fazer com aquilo e o melhor é criar parcerias locais para tomar conta do museu. O Estado, com a ajuda de Emílio Mesquita, qual Pilatos, quer lavar as mãos das suas responsabilidades. E se as gravuras sobreviveram milhares de anos debaixo de água, o melhor é ninguém agitar as do Côa e muito menos as do Douro.

Se a pré-inauguração do Museu do Côa por Pinto Ribeiro foi patética, que dizer da inauguração do Hospital de Seia por Ana Jorge? A ministra arranjou uma dor de cabeça com a pressa de mostrar obra nos Cuidados Continuados, um serviço que continua fechado e cujas camas vieram para a cerimónia e desapareceram a seguir, aparentemente «por defeito». A enxaqueca foi tal que, num momento de delírio, decidiu que somos todos uns aldrabões.

Quem cá faltava, porque gosta de forró, era Mário Lino. Foi a Celorico dar apoio a Zezé, Presidente da Câmara, que antes era do CDS e agora está deslumbrado com o PS. O ministro das Obras veio conhecer de perto as obras do IP2. Podia ter ido onde os “bulldozers” trabalham com mais intensidade, entre Carnicães e o Chafariz do Vento, mas isso é concelho de Trancoso, terra inimiga, onde “jamais” um ministro socialista põe um pé a três semanas das eleições.

Três ministros, três concelhos socialistas. E o quarto? O quarto é o da Guarda. Não terá obra para inaugurar? Não, que se saiba. Mas José Sócrates não deixará de capitalizar a obra do Hospital – e ajudar a reeleger o amigo Valente – indo tomar o pulso da requalificação do velhinho Sousa Martins, porque não há mais para apresentar. Será que há vaga para um vigilante no estaleiro, é que a concessão desta praia vai fechar e preciso de emprego.

Por: O Nadador Salvador

Nota: Neste período de Verão, publicamos esta rubrica de opinião política “quente”

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