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O candidato

História de um candidato que mudou de partido e de um partido que mudou de candidato, e de um tipo daltónico que mudava de partido porque lhe não percebia a cor e quando começava a campanha descobria que estava na bancada errada apesar de ter sonhado todos os dias que era verde. Esta história aconteceu numa terra onde a corrupção nunca existiu porque luvas, ajudas, empurrões, favores, faltas de rigor e de eficácia eram tantas que tudo se tornara normal. Por isto o candidato que gostava de verde e concorreu vermelho no ano anterior e azul no presente, entendia que bastava mesmo era mudar as leis que a sua força discursiva se adaptaria ao rigor do contexto. Sou um poeta – afirmou vária vezes –, no fundo, eu escrevo as letras das canções e o que as pessoas querem é cantar quadras soltas. Lanço refrões diferentes mas vou fazendo obra. Tenho distribuído favores por tantos e tenho tanta gente a dever-me empregos, negócios e conhecimentos que devo ganhar seja com quem for. O candidato que mudava de cor também mudava de partido. Interessante para mim foi ver como os partidos o procuravam para ser o seu candidato. Era uma nódoa, um atentado ao pudor, mas tinha ganho eleições e havia que o ir buscar. Os partidos precisavam do candidato para ganhar e por essa razão era de todos. Escolhia ele. Desejavam eles. A cidade elegeu assim o Rogério Pereira quatro vezes. Ganhou uma vez cada partido. Agora chamavam à cidade a Coligação.

Por: Diogo Cabrita

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