Não é todos os dias que uma das mais emblemáticas companhias de teatro portuguesas atua numa aldeia do concelho da Guarda. No caso de O Bando será a segunda vez que pisa o palco do salão da Junta de Freguesia da Vela, num acontecimento marcado para domingo à noite.
Em cena estará “Auto da Purificação”, o mais recente trabalho do grupo sediado em Palmela. A peça baseia-se em contos de Vergílio Ferreira e decorre na aldeia perdida da Purificação, «onde o vinho é tão banido como bebido, onde a água é tão venerada como esquecida, onde uma fonte é tão necessária como uma pipa!», refere a companhia.
Esta criação coletiva de O Bando parte do existencialismo mordaz e irónico dos contos de Vergílio Ferreira para ocupar adegas (tem itinerado por algumas da península de Setúbal) e outros espaços não convencionais, fazendo da proximidade entre atores e público a voz colectiva e popular que no espetáculo vai definindo as decisões e os caminhos da aldeia.
«Há figuras marcadamente populares, extravagantes, sarcásticas e excessivas, que vão desenrolando as suas histórias de ternura e crueldade, de radicalismo e hesitação, de abstenção e bebedeira», adianta a produção que inclui ainda alguns momentos musicais. Encenada por João Brites, “Auto da Purificação” é interpretada pelos atores Raul Atalaia, Guilherme Noronha, Sara de Castro, Horácio Manuel, Rita Cruz e o guitarrista Pedro Moura. Devido ao seu sucesso, a peça vai ser reposta na sede do grupo até meados de dezembro. A composição musical é da autoria de Jorge Salgueiro. Na Vela, O Bando atua a convite do grupo local Gambozinos e Peobardos depois de ter apresentado “Afonso Henriques” no ano passado. Após o espetáculo, haverá um conversa informal com o encenador e o elenco.