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“Numeri diminutivi” ou número defetivo

Opinião 15º Aniversário

O 15 não é nada, nem na Bíblia, nem na Maçonaria, nem na Cabala, nem na matemática (nem primo pode ser). Mesmo no cinema e na música o quinze foi obstipado. Sobra a história fantástica de “Fifteen man on the deadmans chest!”, a canção dos piratas. Desculpem-me os leitores de O INTERIOR mas 15 é um número de passagem e por essa razão temos de continuar e não podemos fechar aqui. Pelo contrário, o XV século foi dos mais importantes na nossa história e deu origem à ideia do Quinto Império, essa ilusória sensação de que um dia seremos grandes outra vez – erguendo-nos da pobreza das jotas, da mediocridade dos Estados caloteiros, dos empreendimentos dementes. Foi o Bandarra – o de Trancoso – que escreveu essa trova de que brotou a ideia que chega a Antero de Quental, a Teixeira de Pascoaes e a Fernando Pessoa. Em 1576 Alteza passa a ser Monarca fechando a coroa no simbólico “soberanismo monárquico”. Então para desgraça, vem Alcácer Quibir em 1578 e vamos da esperança à amargura e à miséria do século XVI. Ora, como li a António Pedro de Vasconcelos, «a esperança gasta-se em cada nova deceção».

Um falso 15º é o ano do reinado de Tibério César em que João começa a batizar os crentes. Parece ser antes 28/29 d.C.. Portanto, na fé, o quinze falha de novo.

Na Rua Coelho da Rocha, nº 16 (ironia esta), naquela que é hoje a Casa Fernando Pessoa fica o quinze que mais me seduz. Foi aí que Pessoa passou os últimos quinze anos da sua vida e aí deixou o legado literário que nos orgulha. Por todos estes estudos do 15 resolvi concluir que quinze anos de O INTERIOR só serve para pensar nos próximos quinze.

Diogo Cabrita *

* Médico e colaborador do jornal O INTERIOR

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