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Novos rumos em Cuidados Continuados

A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), criada em 2006, tem como principais objetivos melhorar as condições de vida das pessoas que se encontram em situação de dependência, prestando-lhes cuidados adequados de saúde e apoio social e ainda promover a formação dos seus familiares ou cuidadores.

Para cumprir estes objetivos existem atualmente, distribuídas por todo o território nacional, três tipos de unidades: as de média duração e reabilitação (convalescença), as de longa duração e manutenção e as de cuidados paliativos integrando 7.759 camas no total. De forma complementar existem ainda equipas domiciliárias de cuidados continuados integrados, assim como equipas comunitárias de suporte em cuidados paliativos.

Na região Centro a RNCCI conta atualmente com 2.176 camas, das quais 247 no distrito da Guarda, tendo a ULS uma unidade de convalescença com 16 camas e uma unidade de cuidados paliativos com 11 camas no Hospital de Seia.

Desde o início, o aumento da rede e o seu aperfeiçoamento tem sido uma preocupação constante de modo a responder às necessidades sentidas.

O atual coordenador da RNCCI, Manuel Lopes, considera que neste momento o objetivo prioritário é privilegiar a domiciliação e as respostas comunitárias em ambulatório, permitindo colmatar as assimetrias regionais. Para o ano de 2016 está previsto um reforço orçamental na rede de 60 a 65 milhões de euros, a abertura a curto prazo de 4.800 novos lugares/cama para cuidados continuados prestados no domicílio e 8.000 novas camas na rede de cuidados continuados.

No atual contexto as novas unidades que têm surgido são especializadas tais como a unidade de cuidados continuados Bento XVI, em Fátima, destinada a pessoas com demência, aguardando-se agora a abertura de novas unidades de cuidados continuados de Pediatria.

Devido ao permanente avanço da medicina e ao surgimento de novas terapêuticas, tem aumentado a sobrevida dos doentes com insuficiência respiratória crónica grave e com um grau elevado de dependência funcional temporária ou prolongada. Muitos doentes, além da terapêutica com oxigénio, necessitam igualmente de apoio ventilatório de modo parcial ou permanente sob a forma de ventilação não invasiva ou mesmo ventilação mecânica, necessitando por isso de cuidados continuados muito especializados. Existem também algumas situações em patologia pulmonar aguda com necessidade de convalescença e em que cuidados médicos e de enfermagem especializados e o apoio da reabilitação respiratória são fundamentais, sendo ainda de considerar os doentes portadores de patologia do foro neurológico ou vertebro-medular que também necessitam deste tipo de cuidados.

De enorme relevo para os doentes com insuficiência respiratória crónica é o ensino dos seus familiares ou cuidadores, assim como o descanso dos mesmos, situações para os quais a existência de uma unidade de cuidados continuados respiratórios seria uma enorme mais-valia.

A criação de uma unidade de cuidados continuados respiratórios na ULS da Guarda seria um projeto inovador que iria aproveitar a capacidade instalada, ou seja a experiência e o conhecimento que possuem os serviços de Pneumologia e Medicina Intensiva em patologia da área respiratória. O espaço físico libertado nos edifícios mais antigos permitiria, com as necessárias adaptações, a instalação de uma unidade capaz de dar resposta adequada a estes doentes e, simultaneamente, a reabilitação do património do parque da saúde.

Vale a pena pensar nisto.

Por: Luís Ferreira

* Médico pneumologista

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