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«As intervenções do WOOL têm contribuído para uma nova forma de acesso à arte»

Cara a Cara – Pedro Seixo Rodrigues

P- Ficou satisfeito por saber que a Câmara da Covilhã quer aproveitar o Woolfest para criar um museu?

R- Conhecemos a vontade da Câmara Municipal da Covilhã em criar um museu de arte contemporânea a céu aberto, principalmente pelo que temos lido na comunicação social. Desde o início temos visto o WOOL – Festival de Arte Urbana da Covilhã como uma possibilidade de colocar arte e cultura ao acesso de todos, juntamente com o objetivo de regenerar o centro histórico da cidade, que está algo esquecido e degradado. Sempre tivemos também em mente que a localização das obras pudesse dar origem a um “roteiro de arte urbana” que favorecesse a descoberta de outros pontos de interesse patrimonial do centro histórico, ao mesmo tempo que se visitam os murais dos artistas. Consideramos, por isso, que as intervenções do WOOL têm contribuído para uma nova forma de acesso à arte, fora dos contextos habituais (galerias e/ou museus) e bem aceite pela população, pelo que nos parece acertado que a Câmara queira apostar neste caminho. No caso do WOOL, falamos de arte urbana, arte plástica, mas pensamos que se pode ir mais além e explorar também outras formas de arte que ajudem a dinamizar o centro histórico da Covilhã.

P- Qual será o papel do Wool nesse projeto?

R- Esperamos poder continuar a fazer o que temos feito até a data, que é trazer artistas urbanos para a cidade, artistas já muito reconhecidos e artistas em ascensão, para além de divulgar o nome da cidade pelo país e estrangeiro. O nosso desejo é poder fazer este festival de uma forma mais regular, com a realização de uma edição anual.

 

P- Quando poderemos ver mais edições?

R- Neste momento ainda não sabemos. Este é um dos problemas que tem afetado o festival. Este tipo de eventos necessita de alguma antecedência para a organização e principalmente saber desde o início qual o orçamento disponível. Temos tido que nos adaptar a outra realidade, contactar os artistas, ter a programação da edição praticamente fechada, mas apenas avançar aquando da confirmação dos apoios necessários para a realização do festival.

P- Que artistas vão trazer?

R- Temos diversos artistas, nacionais e internacionais, interessados em vir fazer parte do projeto WOOL, mas estão à espera que se reúnam as condições necessárias para se poder avançar. E, às vezes, quando conseguimos os apoios eles já têm outros projetos agendados para essas datas, pelo que se torna difícil divulgar nomes.

 

P- A iniciativa tem conseguido atrair muitos visitantes ao centro histórico com o objetivo de ver essas pinturas?

R- Sim, sem dúvida. Desde a primeira edição, em 2011, o fluxo de visitantes locais, nacionais e estrangeiros ao centro histórico tem aumentado exponencialmente. Isso é um facto evidente para os moradores e comerciantes desta zona.

 

P- Estas edições já deram origem a artistas locais?

R- Isto é um processo que demora o seu tempo e que teria que ser trabalhado em diversas frentes, até porque muitos jovens saem da cidade para outros locais e desenvolvem lá os seus interesses. Não é um dos nossos objetivos para o público jovem. Pretendemos apenas divulgar a arte urbana e mostrar que se podem expressar na rua de outras maneiras além dos “tags” e que até podem fazer vida disso.

Perfil:

Co-fundador do Woolfest – Festival de Arte Urbana da Covilhã

Idade: 38 anos

Profissão: Arquiteto

Naturalidade: Covilhã

Livro preferido: Qualquer um de arquitetura

Filme preferido: “Shine”, de Scott Hicks

Hobbies: Colecionador

Pedro Seixo Rodrigues

Sobre o autor

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