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Novo regulamento de estacionamento gera polémica na Covilhã

Texto «infeliz» nos folhetos distribuídos pela ParqC lançou a confusão e levou CDU a acusar a Câmara de querer «privatizar a cidade»

O novo regulamento de estacionamento tarifado nas ruas da Covilhã, discriminadas num panfleto distribuído durante a semana passada pela ParqC, concessionária do silo do Pelourinho, está a gerar a polémica na “cidade neve” e já levou inclusive a Coligação Democrática Unitária (CDU) a acusar o autarca local de querer «privatizar a cidade».

O texto do desdobrável pressupõe que todas as ruas do centro histórico da Covilhã (onde se incluem escadas e becos como as “Escadas da Boavista”, “Escadas da Trapa” ou a “Travessa do Tinte”) e artérias, como a Marquês d’Ávila e Bolama, a Rua da Saudade e a Avenida Frei Heitor Pinto, passarão a ser pagas com o novo regulamento de Zonas de Estacionamento Tarifado, permitindo apenas aos moradores a obtenção de um Cartão de Residente para estacionarem gratuitamente das 8 às 10 horas, das 12h30 às 14h30 horas e das 18 às 20 horas. Uma medida que, para os comunistas, apenas pretende «sacar mais uns euros ao cidadão» para que a concessionária possa «antecipar o mais rápido possível o investimento que fez no silo do Pelourinho», acusaram na passada quinta-feira em conferência de imprensa. «O “custo zero” dessa obra para o erário público nunca passou de uma mentira», condenam os comunistas perante o concessionamento à ParqC de mais de 170 lugares à superfície por um período de 25 anos. Estacionamentos exteriores que foram contratualizados com a ParqC, empresa do grupo Somague, aquando a construção e exploração do silo do Pelourinho com 374 lugares subterrâneos.

Contudo, para Carlos Pinto, o caso não passa de «uma confusão» e de uma «má leitura» de um texto «mal redigido», pois o que o documento pretende elucidar é, «contrariamente ao que foi dito», o «alargamento de benefícios» para os moradores, justifica. «O que se pretendeu foi dizer que, independentemente da proximidade das zonas tarifadas, os moradores podem pedir um cartão de residente e estacionarem o carro em qualquer zona nos períodos em que é permitido durante o dia», explica o autarca, assegurando que «não haverá nenhum lugar tarifado para além daqueles que existiam há três ou quatro anos». De resto, e embora admita que o texto é «infeliz», Carlos Pinto considera que uma leitura atenta, «e não demagógica como fizeram alguns senhores», permitirá ver «que não se fazem parques tarifados em escadarias e em becos», ironiza, acrescentando que intervenções como a do PCP neste caso revelam «uma estupidez total de leitura de documentos». Santa Clara Gomes, engenheiro da ParqC e responsável pelo processo, também disse a “O Interior” que «o facto de existir Zona de Estacionamento Tarifado não implica que todos os lugares sejam tarifados», garantindo que o regulamento não vem alterar nada do que estava em prática. «Não se pretende incomodar o residente, mas criar um ordenamento no trânsito da cidade», justifica.

Avença mensal no silo do Pelourinho fica mais barata

Mas mesmo com o cartão de residente, obtido na ParqC por dois euros e por um período de três anos, os moradores serão «penalizados», alerta a CDU. É que, segundo as suas contas, «um residente pode vir a pagar cerca de cinco euros por dia», aproximadamente cem euros por mês, durante o período em que não está abrangido pela lei. E como não existem «alternativas» de estacionamento gratuito no centro da cidade, pois o Campo das Festas «já está sobrelotado», a única alternativa será mesmo recorrer à tarifa do parquímetro – que não poderá exceder os 47 cêntimos na primeira hora, 56 na segunda, 70 na terceira e 94 cêntimos nas horas seguintes – ou ao estacionamento nos silos da cidade: mercado municipal (em que a ParqC terá direito a 37 lugares), do silo do Pelourinho ou o do Sporting da Covilhã, cuja proposta de entrega à ParqC será debatida na próxima reunião de Câmara. Para além disso, pelo que “O Interior” pôde constatar junto das tabelas de preços cobradas pela ParqC, a aquisição de uma avença mensal fica mais barata no silo do que o estacionamento na rua. Uma avença 24 horas custa ao condutor 61 euros e uma avença diurna (das 8 às 20 horas) 50,86 euros. A aplicação deste regulamento de ZET não implica também a criação de novos parquímetros, pois ou já existem ou serão colocados junto dos que existem para permitir mais comodidade aos utentes. É o caso da Marquês d´Ávila e Bolama que passará a ter dois parquímetros ao invés de um. Como o vereador socialista Miguel Nascimento já se tinha manifestado preocupado com o «monopólio» do estacionamento da ParqC, a CDU espera ter o apoio da oposição na próxima Assembleia Municipal contra esta medida que motivará, pelo menos, uma moção de censura à Câmara.

Liliana Correia

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