A Associação dos Amigos da Amendoeira foi recentemente criada em Freixo de Numão, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, por iniciativa de produtores da região, com o objectivo de defender aquela cultura. Joaquim Grácio, responsável pelo grupo promotor da associação, explicou que se pretende «sensibilizar as pessoas para a importância cultural, social e económica desta cultura tradicional de Trás-os-Montes e Alto Douro, em que se insere o concelho fozcoense».
Para atingir aqueles objectivos, os promotores da associação propõem-se realizar «acções que contribuam para a divulgação do seu valor económico, cultural e turístico». Outro dos objectivos visa o envolvimento das «entidades competentes na defesa de uma cultura de séculos nestas terras essencialmente agrícolas» e a organização de um ciclo de colóquios sob o tema “A Amendoeira é Riqueza”, com o fim de divulgar as ajudas ao abrigo da Política Agrícola Comum (PAC). Também a realização de “Jornadas Práticas de Reenxertia” é encarada prioritária «para que se rejuvenesçam os amendoais tradicionais com variedades de floração tardia, mais produtivas». Joaquim Grácio sublinhou, por outro lado, a necessidade da constituição de organizações de produtores que, até 2013, «aproveitem as ajudas comunitárias». A Associação dos Amigos da Amendoeira tem ainda como meta a prestação de apoio aos agricultores na elaboração de projectos para aproveitamento de ajudas financeiras comunitárias. O seu principal promotor defende que as Direcções Regionais de Agricultura de Trás-os-Montes e Alto Douro e da Beira Interior devem envolver-se neste processo de protecção ao amendoal e que os deputados eleitos por Bragança, Guarda, Vila Real e Viseu devem «empenhar-se» na defesa desta cultura.
«O amendoal é um património transmontano e duriense que deve ser incentivado e defendido», sublinhou. Os promotores da associação entendem que «está a ocorrer uma tragédia na zona tradicional do amendoal de Trás-os-Montes e Alto Douro com o arranque das árvores para plantio de oliveiras e vinhas», situação que se propõem inverter através da sensibilização dos produtores. Joaquim Grácio estima entre 12 e 15 mil o número de produtores nesta região, englobando sobretudo os concelhos de Foz Côa, Meda, Figueira de Castelo Rodrigo, Torre de Moncorvo, Vila Flor, Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro, São João da Pesqueira, Macedo de Cavaleiros e Miranda do Douro. Produzem cerca de 12 mil toneladas de amêndoa em casca mas, em ano normal, a produção pode atingir as 25 mil toneladas, acrescentou. Nas Jornadas Agrícolas do Douro Superior, realizadas em Foz Côa em Maio, o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural anunciou que o amendoal vai beneficiar de ajudas comunitárias específicas, no âmbito das medidas da PAC então aprovadas em Bruxelas. Bianchi de Aguiar referiu na altura que iria ser instituída uma nova ajuda por hectare aos frutos secos de casca rija, em particular à amêndoa, considerando que «é uma medida de inteira justiça, que beneficia esta actividade e os agricultores que se dedicam a esta cultura».
