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Nove por cento dos alunos do 3º ciclo já consumiram drogas duras

Fernando Negrão encerrou na Guarda a Semana de Prevenção Nacional em Meio Escolar

O director da Unidade de Prevenção do Distrito da Guarda do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), Rui Correia, reclamou sexta-feira o reforço da equipa técnica que trabalha neste organismo para poder alargar a sua acção a todo o distrito. «A nossa aposta, passa por envolver mais municípios na realização de Planos Municipais de Prevenção e de congregar, num trabalho articulado em rede, Organizações Não Governamentais, Instituições Particulares de Solidariedade Social, bem como a comunidade local», anunciou o responsável, durante a sessão de encerramento da Semana de Prevenção Nacional em Meio Escolar, realizada na Guarda, com a presença de Fernando Negrão, presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência.

O debate, que decorreu no auditório do IPJ, trouxe algumas notas preocupantes e sinais de optimismo no combate a este flagelo, como os casos de Gouveia e o curso de formação de pais actualmente em curso em Vilar Formosos. Mais inquietantes são os dados revelados por Rui Correia, segundo os quais oito por cento dos alunos do 3º ciclo do distrito consumiram “cannabis” «pelo menos uma vez ao longo da vida», um valor abaixo da média nacional. A tendência é inversa quanto ao consumo de outras drogas – heroína, cocaína, LSD ou “cogumelos mágicos” -, já que nove por cento dos estudantes do 3º ciclo admitiram ter consumido as chamadas drogas “duras”, o que representa mais um por cento que a média nacional. Face a este cenário, o director da delegação da Guarda do IDT considera que a prevenção deve ser um «compromisso e uma tarefa de todos», nomeadamente dos pais e da comunidade escolar, um «espaço privilegiado para fomentar nos jovens aprendizagens de estilos de vida saudáveis e competências que lhes permitam comportar-se livremente», sublinhou. Para Fernando Negrão, o objectivo desta semana é relançar a prevenção primária das toxicodependências em Portugal com a mensagem de que é preciso «informar, formar e educar os jovens cada vez mais cedo, porque é tão importante saberem que a droga tem consequências nefastas para a saúde, como a higiene oral, a prevenção do cancro da mama ou cortar as unhas».

De resto, o presidente do IDT revelou que as zonas fronteiriças têm «mais possibilidades» de aumentos de consumos, assistindo-se actualmente a uma deslocalização do consumo, do litoral para o interior, «que se deve ao trabalho dos técnicos de tratamento, que fizeram descer os consumos de heroína, mas também ao facto desta droga ter contribuído para a morte dos consumidores». No entanto, Negrão adiantou que Portugal ainda está «muito longe» da média dos consumos da Comunidade Europeia e considerou que as Comissões de Dissuasão são «extremamente» importantes nesta luta: «Não podemos prevenir comportamentos que não censuramos», defendeu, manifestando-se contra a liberalização das drogas leves como método de dissuasão e dizendo que o sistema legal português «está a funcionar» nesta matéria.

Luis Martins

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