“Fronteiras, Personagens e Máscaras”, peça que junta teatro e bailado, é a nova produção da CeDeCe – Companhia de Dança Contemporânea que sobe esta noite ao palco do auditório municipal da Guarda. O espectáculo, uma ante-estreia nacional, integra a peça “O Corredor Verde”, do coreógrafo alemão Jochen Heckmann, e “Seis Personagens”, de António Rodrigues, baseado na obra “Seis personagens à procura de um autor”, do dramaturgo italiano Luigi Pirandello.
«Os dois bailados estão intimamente ligados ao teatro. O primeiro texto fala de mudança, de fronteiras, tensões, ansiedades e vontades, enquanto que o segundo assenta numa obra de Luigi Pirandello”, disse à Lusa a directora artística da companhia. «”O Corredor Verde” gira em torno da mudança, de em algumas situações desejarmos ser diferentes, de agir de modo diferente. Tem uma forte componente teatral», explicou Maria da Graça Bessa. Os personagens debatem-se com a ideia e o desejo de estar noutro lugar: «Mudaremos sempre o nosso ambiente, como ele nos muda a nós? Desviar e ser desviado é o estímulo possível, acção e reacção são o tipo de jogo em que hoje vivemos. Nunca haverá altura em que possamos estar imóveis», descreve o coreógrafo. Quanto a “Seis Personagens”, do também director artístico da CeDeCe, tem como tema «um ensaio de teatro em que o director da companhia é interpelado por seis personagens que dizem ter sido criados e abandonados pelo autor. As seis personagens estão à procura de quem os ajude a contar a sua história». A realidade, gerada das próprias personagens, despoleta outras memórias que constituem uma realidade cénica, presente no imaginário vivido entre estas e o autor. “Fronteiras, Personagens e Máscaras” acaba por ser assim um exercício de dança figurativa e ao mesmo tempo de teatro mais intimista. A estreia do bailado está marcada para o dia 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, em Leiria.
A Companhia de Dança Contemporânea CeDeCe, fundada em Abril de 1992 por Maria Bessa e António Rodrigues, empenha-se em fugir a um sistema estático, apostando antes numa diversidade de perfis na sua linha de criação e na inter-relação da maturidade artística com o jovem talento, tentando manter um bom nível de dança, quer se apresente como companhia de projecto, de repertório, de documento ou tão somente de “entertainment”. A maioria dos seus bailarinos tem sido formada na Academia de Dança Contemporânea onde, desde muito cedo, contactaram com o palco, nos espectáculos de Pequena Companhia – Little Company, tendo, assim, oportunidade de aplicar e integrar os conhecimentos adquiridos nas diversas disciplinas do curso. Os bilhetes custam três euros, preço sujeito aos habituais descontos e reservas no gabinete de relações públicas da Câmara da Guarda e livraria municipal.
