Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito Presidente da República e conseguiu o feito inédito de vencer em todos os distritos de Portugal e à primeira-volta. Nunca antes um candidato presidencial (à primeira ou à segunda-volta) conseguira tal façanha. Mesmo em Beja, onde os candidatos de esquerda sempre tiveram primazia, o professor deixou para trás o candidato “preferido” da esquerda, Sampaio da Nóvoa.
Mais do que uma vitória, Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito por uma enorme maioria, por eleitores de direita, de centro e até por muitos de esquerda, penetrando de forma clara em todos os sectores da sociedade – e esta capacidade de penetrar em diferentes quadrantes é determinante para a perceção de que, pela primeira vez em muitos anos, a mensagem de «Presidente de todos os portugueses» volta a fazer sentido, pois a generalidade dos portugueses identifica-se ou irá identificar-se com o Presidente da República eleito, o que não se passava com o Presidente cessante. E, no brilhante discurso de vitória na Faculdade de Direito, o Presidente eleito falou para o país, valorizou o sentir nacional, asseverou que tudo fará «para unir aquilo que as conjunturas dividiram», defendeu um país coeso e forte no combate às injustiças e na promoção da esperança e do futuro… Depois do que ouvimos a Cavaco Silva nos últimos anos, e em especial na tomada de posse do atual governo, o discurso de Marcelo foi música para os ouvidos dos portugueses, fartos de quezílias, de impertinentes, de vingançazinhas e mesquinhez, de divisão e tacanhez, de personagens zangadas com o mundo e com quem é diferente.
Com um PS dividido, a perder a sua aptidão hegemónica na esquerda, entrincheirado entre a capacidade negociadora de António Costa e a necessidade de se reinventar (renovar); com um Bloco a confirmar a sua afirmação; com Passos Coelho a ser reduzido à sua irrelevância e Portas ostracizado (ou escondido); com o ocaso do PCP (humilhado); as campanhas eleitorais depois de Marcelo nunca mais serão o que eram e a forma de fazer política vai mesmo mudar – já mudou, ainda que os partidos não tenham dado conta. A eleição de Marcelo à primeira volta confirma-o e o excelente resultado do perfume e alegria de Mariza Matias não deixa dúvida. Falta atrair gente nova, sem vícios (jogos partidários), desinteressada, capaz e ousada, para contribuir para um devir político, para mudar a superestrutura partidária anquilosada, corrupta e destruidora que tem dominado a vida pública portuguesa. Mais difícil do que ser eleito, Marcelo tem agora que unir os portugueses.
PS: Como anunciámos há duas semanas, eliminámos um inquérito para a eleição da personalidade do ano 2015 na região por um conjunto de anomalias na votação e instalámos um novo inquérito com o mesmo objetivo e aberto a votação até sábado – votação online em ointerior.pt e por E-mail. Como prevíramos, o impacto volta a ser extraordinário. E muitos votos são de novo através de crowdsourcing. A diferença é que, agora, o sistema instalado (Poll Results) permite a verificação de IP’s e a eliminação de proxies / crowdsourcing. Ou seja, a votação final deverá estar expurgada da maioria dos votos “acelerados” em grupo e pode ser diferente da que a tabela vai exibindo.
Luis Baptista-Martins