«Vamos continuar a lutar e a defender os nossos ideais até que um dia os guardenses percebam de que lado está a razão». Foi deste modo que Jorge Noutel, candidato do Bloco de Esquerda à Câmara da Guarda, reagiu aos resultados do último domingo, onde a ambição de ser eleito ficou longe de ser consumada. Mas nem tudo foi mau, uma vez que os bloquistas conseguiram eleger um segundo deputado na Assembleia Municipal (AM).
Para a Câmara, o BE foi o quarto partido mais votado com 2,89 por cento e 723 votos, ainda assim mais 202 que em 2005, quando representou 1,99 por cento. No que toca à Assembleia Municipal, os 1,064 votos, que equivalem a 4,25 por cento, permitiram a eleição de dois deputados, enquanto que em 2005 os 819 votos (3,13 por cento) apenas garantiram a eleição de um representante. Como há quatro anos, o Bloco não apresentou qualquer lista às Assembleias de Freguesia. Na noite eleitoral, Jorge Noutel reconheceu que o resultado ficou «aquém» do sonho: «Não conseguirmos, por um lado, vencer a maioria absoluta do PS. Isso é uma derrota do Bloco, porque era um dos nossos grandes objectivos. O outro era eleger um vereador e também não o conseguimos», admitiu, mostrando-se mesmo assim satisfeito pelo reforço dos resultados na AM. «Estou conformado com a votação, mas é assim mesmo em termos democráticos. Umas vezes ganha-se, outras perde-se», declarou.
Sobre o que falhou, o candidato considerou «muito complicado» apontar aquilo que correu menos bem, embora tenha destacado a «forte dependência», reconhecendo que, «se calhar, poder-se-ia ter tido outra abordagem de vários temas e uma maior visibilidade da própria candidatura». No entanto, isso «não foi possível por razões várias, porque não temos, de maneira nenhuma, os orçamentos que os outros têm», constata. De resto, Jorge Noutel adiantou que o seu orçamento era «muito limitado», acrescentando que «é bom que as pessoas percebam que isto de oferecer canetas, aventais, toalhas, porcos e porcas, tem e vai ter os seus custos». Quanto ao futuro, o deputado municipal reeleito sustentou que «as pessoas têm de acreditar que há sempre alternativas para o poder instalado e que o Bloco terá todo o espaço necessário para se poder afirmar. Não foi hoje, porque os guardenses assim não o quiseram, mas, no futuro, vamos acreditar que um dia será possível conseguirmos os objectivos a que nos propusemos».
Ricardo Cordeiro 
