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Nós, os dedos e os teclados

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Azerty e qwerty são duas das formas porque podem começar os teclados europeus. Mas há teclados chineses para mandarim e cantonês, e há teclados para concani e há o cirílico e o árabe. O que não pode faltar são os teclados nesta era digital. E eles são tratados à bruta por uns, com todos os dedos por outros, só com dois indicadores por muitos. Raramente um teclado toma banho, e raramente vive fiel a umas mãos. O teclado permite-nos introduzir a informação no computador e é um mecanismo inteligentíssimo que chegou a ter técnicos especialistas. Recordo a destreza da minha mulher com um “ditafone” a teclar relatórios. Os pés nos pedais, o auscultador a debitar os discursos, os dedos velozes sobre as teclas. As máquinas de escrever trouxeram essa necessidade e a respetiva habilidade e competência. Hoje os computadores substituíram as fantásticas máquinas de escrever e os ecrãs tácteis talvez destruam a habilidade de teclar. Há ferramentas que nos permitem ditar para o computador e ele converter em texto. O teclado pode morrer em breve e desse modo serão adquiridos para museus e para coleções particulares. Dedos teclando relatórios, certidões e infindáveis depoimentos, podem ser uma realidade em desaparecimento. Assim, percebemos como as adaptações às funções novas obrigam a uma formação constante e com visão de futuro. As dactilógrafas, os leitores de código morse, os arquivos de papel, as bibliotecas e livrarias caminham para uma transformação ou um desaparecimento cru. A muitos provocam-lhes dor o desaparecimento de algo, em mim aumenta a convicção de que os anos estão a envelhecer-me e o mundo está a progredir e ambas as coisas são boas.

Por: Diogo Cabrita

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