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No Canil Municipal – parte 3

Os leitores têm ouvido falar, nas últimas semanas, das ilegalidades e maus tratos levados a cabo no Canil Municipal da Guarda relativamente aos cães que, desafortunadamente, são caçados independentemente de constituírem ou não perigo para a saúde pública. Aos tratadores deve dar-lhes especial gozo “mostrarem serviço”, levando para dentro daquele local indesejado os “coleirinhas”, ou seja, cães que, por qualquer razão, se encontram no sítio errado à hora errada, que vão à rua espairecer as patas e são tão mansos que vêm ao primeiro chamamento, deixando-se conduzir sem alarido para dentro de uma gaiola onde as patas lhes ficam presas por esta ilegalmente ter gradeamento e não estar conforme à Lei (nº 7 do Artigo 27º do Dec.-Lei nº 315 de 2003).

Mas ainda não ouviram falar do tratamento dado aos gatos. Ora bem, é conhecimento generalizado o quanto os gatos gostam de água, não é? Pois não! Os gatos entram em pânico quando se aproximam da água. O pânico deles é o mesmo sentimento de horror que de nós, humanos, se apodera quando confrontados com aranhas, ratos ou cobras, ou ainda quando fechados num elevador, por exemplo. Pois os gatos do Canil Municipal, que têm horror à água, também eles se vêem a sofrer com ela porque os tratadores lavam o gatil sem os retirar de lá. É que, infringindo a lei, o gatil não tem tabuleiros com areia para excrementos (nº 5 do Artigo 27º do mesmo Decreto-Lei), o que tornaria desnecessário o uso de água, uma vez que os gatos são muito limpos e (ao contrário de todos aqueles humanos que empestam com os seus dejectos, sólidos e líquidos, os cantos dos nossos edifícios e monumentos públicos) fazem todas as suas necessidades no sítio próprio, a areia.

Assim, no gatil da Guarda, os gatos ficam desnecessariamente perturbados, assanhados, e são, assim, maltratados quando as mangueiras de água jorram sobre eles. É que o gatil é um corredor de uns 60 centímetros de largura por 2,5 metros de comprimento e, infringindo mais uma vez a lei, não existem estruturas com vários níveis de altura (nº 6 do Artigo 27º do mesmo Decreto-Lei), para onde eles possam trepar e refugiar-se da água.

A pergunta óbvia ocorre mais uma vez: porque não está a lei a ser cumprida? O Veterinário Municipal é o responsável técnico superior do Canil – porque não dá as orientações necessárias de modo a tudo ser feito de acordo com a Lei? Não é de mimos aos animais nem de cabeleireiros em hotéis de cães de que estamos a falar. É da Lei, especificamente do Decreto-Lei nº 315 de 2003. O que o impede, então, de agir, em tantos casos apontados, em conformidade com a responsabilidade que lhe é atribuída?

E a Direcção Regional de Agricultura já inspeccionou o local? Será que vão saber que a electricidade foi cortada pelos tratadores e que, por este facto, não tem havido nos últimos tempos nem luz nem aquecimento possível nos canis? Será que vão perguntar se há ordens para que o aquecimento seja ligado no Inverno, quando a água congela nas taças? Será que sabem que foram membros da Associação “A Casota” quem, há pouco tempo, lá colocou alguns ninhos de plástico e uns cobertores? Será que vão perguntar se há assessor técnico com as habilitações exigidas? Ou vão ter medo de futuras represálias e não vão ousar investigar com a Lei aberta na sua mão?

Pergunto-me também se terá sido a cavaqueira amena que impediu os técnicos da Direcção Geral de Veterinária, logo no início, de verificar que o canil e o gatil não estavam em condições para funcionar de acordo com a Lei e, por isso, permitiu o licenciamento? Seriam colegas de curso… que quiçá não se viam há algum tempo? Ou nem sequer vieram cá? Será que a inspecção não inspeccionou porque somos todos porreiros, ó pá? Ou confirma-se que Portugal é uma República das Bananas e que estamos acomodados a essa ideia? Se isso é assim, quem nos pode valer? Apenas os tribunais europeus?

Por: Luísa Queiros de Campos

Comentários dos nossos leitores
Nuno Faria nuno.m.faria@gmail.com
Comentário:
Visto que já não são novas estas acusações sobre o Canil Municipal da Guarda pergunto se já foi feito algum tipo de denúncias às autoridades competentes, mais concretamente: – Câmara Municipal – Direcção Geral de Veterinária – Direcção de Serviços de Veterinária Regional respectiva – GNR/SEPNA – Ordem dos Médicos Veterinários E qual a resposta de cada uma.
 
Alice de Ataíde alidosbosques@gmail.com
Comentário:
Não há mecanismos legais que façam cumprir a lei?A Sociedade Protectora dos Animais não pode intervir?O civismo e a mentalidade dos responsáveis do Canil estacionou na Idade Média?Estamos mesmo na Republica das bananas.Que tristeza…
 
Joana joanaA_goncalves@hotmail.com
Comentário:
É uma enorme vergonha para o responsável do Canil Municipal da Guarda(veterinário municipal) tratar os pobres animais, indefesos e assustados,como se fossem lixo. Como se não bastasse os maus tratos sofridos, por eles, nas ruas da cidade mais fria do país quando são resgatados anda sofrem piores tratos. É necessário agir contra aqueles que querem degradar os direitos animais. Impor esses direitos deveria ser uma prioridade. Onde é que já se viu um veterinário a querer tratar mal os animais? Há já sei! No Canil Municipal da Guarda! E os tratadores também fazem o mesmo, ou pior! Entre o veterinário e os tratadores venha o diabo e escolha! Infelizmente as autoridades competentes do assunto, parece que não são competentes o sufeciente para fazer o seu trabalho! Assim me despeço, com indignação!
 
Sara Diva chimiusa@hotmail.com
Comentário:
Infelizmente o canil da Guarda é um exemplo do que se passa na maioria dos canis (leia-se casa de abates/matadouros) municipais de Portugal, eu estive há uns meses no canil de Lisboa em Monsanto e fiquei completamente chocada e só vi a parte dos cães, os bichos estão presos com correntes de ferro de um metro, em cima de umas bases individuais que se parecem com urinóis sem mantas nem nada para se aconchegarem e essas bases estavam completamente molhadas e isto foi no verão, agora imaginem o frio que os bichos passam no inverno, todos molhados e presos de tal maneira que quase nem se podem mexer… Apelo às entidades (in)competentes para que se dêem ao trabalho de fazer aquilo para que são pagas com o dinheiro dos contribuintes: fiscalizações e aplicação das leis exisistentes e pensem um bocadinho no bem estar dos desgraçados dos animais que por azar foram parar aos canis sem sequer terem culpa de terem nascido e que não vos fizeram mal nenhum e que não merecem serem tratados de forma tão desumana como o têm sido até aqui. Portugal é realmente uma tristeza no que toca ao bem estar dos animais e é-o devido à incompetência das entidades reguladoras e dos veterinários municipais e (des)tratadores que preferem olhar para o lado e nada fazerem a dar-se ao trabalho de exercerem as suas reais funções. Acordem para a vida seus incompetentes e encontrem dentro de vós um bocadinho de humanidade. SEUS HUMANOS DESUMANOS! É realmente revoltante!
 
Mónica Duarte smonicad@gmail.com
Comentário:
Interessante o que se passa actualmente no Canil Municipal, e apesar de toda a minha indignação relativa aos “maus tratos dos animais” surpreende-me o facto de o Canil já estar a funcionar á cerca de 5 anos e só á acerca de 2 meses para cá se relatam estes maus tratos. E quem faz relatos destes não é nenhuma entidade oficial, seria de todo o interesse saber relatórios do SPENA e DGV, uma vez que o canil por legislação será visitado regularmente por estes serviços e não por pessoas que não terão credibilidade para opinar sobre o que talvez se saiba ou não. Penso que é de todo o interesse a manutenção da actividade do canil, imagino se tal não acontecesse o caos que seria a cidade da Guarda com cães e gatos a vaguear pelas ruas com todos os perigos de saúde pública e ameaças que isso pode acarretar, pois não vejo na cidade entidades com competência e meios para tal apesar de defensoras de causas. Penso que nos últimos anos se têm mudado mentalidades e que alguma coisa tem sido feita relativa ao Bem Estar Animal, e não estou a falar só de cães e gatos mas de todos os animais domésticos, e como Engenheira Zootécnica que sou, defendo essa mesma causa. Já tive oportunidade de visitar o Canil Municipal da Guarda e outros canis e de entre os que visitei o Canil Municipal reúne condições para o desenvolvimento de todas as actividades inerentes ao Bem-Estar animal.
 
Rosa sanctis@hotmail.com
Comentário:
Será que é assim tão difícil as câmaras municipais seguirem o exemplo do Município de Castelo Branco, e com a ajuda dos muitos que se importam criarem um abrigo como o “abrigo de São Lázaro” (www.apaae.pt)? A todos os cidadão que se importam, eu apelo para que escrevam uma carta aberta ao presidente da CMGuarda a dar conhecimento deste abrigo e a pressionar a câmara para tomar a iniciativa de criar algo similar na Guarda. A minha já seguiu, mas sou só uma!
 
Maria do Rosário Perry da Câmara Pereira rosariosaturio@sapo.pt
Comentário:
Senhora dªMaria Luisa Queirós de Campos Tive conhecimento dos maus tratos feito aos animais do infernal canil da Guarda e pedia-lhe o favor de me mandar para o meu email uma cópia do que se passa para eu poder denunciar á Ordem dos Médicos Veterinários. Uma vez que o artigo é seu pedia-lhe autorização para o poder enviar. rosariosaturio@sapo.pt Com os meus cumprimentos e mais uma vez lamentando o que se passa Maria do Rosário Perry da Câmara Pereira de Satúrio-Pires
 
Paula Almeida paulasantosalmeida@gmail.com
Comentário:
D. Mónica Duarte, é óbvio que não faz ideia do que está a falar. É já do conhecimento público há muito tempo o modo como os animais são maltratados nos canis municipais, com raras excepções. Não é só o de Braga. Quase todos os canis municipais do país maltratam os animais, a começar com o canil municipal de Lisboa. As entidades públicas não querem saber e nada fazem. Colocar animais em canis municipais não é solução principalmente quando não têm condições para os manter saudáveis. A solução é a esterilização e castração dos animais e é nisto que os municipios deviam apostar. Só assim se conseguirá algum dia ultrapassar o estado em que estão as coisas no nosso país e pelo mundo fora no que respeita à qualidade de vida dos animais.
 
Carla Vidal cfrodr@gmail.com
Comentário:
Estes abusos e maus tratos são do conhecimento de todos, nomeadamente do Presidente da Câmara Municipal da Guarda, que não mostra qualquer tipo de sensibilidade para com este assunto, bem pelo contrário…Muito possivelmente a denúncia já chegou à Direcção Geral de Veterinária e associações de Defesa Animal, SEPNA,etc…mas até agora nada mudou! A denúncia tem que ser feita junto das autoridades Europeias que regulam as directivas para esta matéria… Levar esta questão para todos os órgãos de comunicação social, não só os locais…mas sim os mais abrangentes, rádio e televisão…Para bem dos animais não podemos desistir desta luta!
 

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