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«Ninguém melhor que os próprios alunos para saberem o que querem»

Cara a Cara – Bruno Neves

P – Como surgiu a ideia de criar o Grupo OGE? De que se trata?

R – O Grupo OGE surgiu da necessidade de uma entidade que, na Escola da Sé e na cidade da Guarda, organizasse eventos onde o público-alvo fossem os estudantes. É claro que nas escolas já existem as Associações de Estudantes, que se podem responsabilizar por esta função, mas, para além de organizar eventos, o grupo tem também como principal objetivo apoiar atividades que já existem, mas que precisam de uma “mãozinha”, nomeadamente em questões de apoio técnico, logístico e até mesmo moral. Isto porque um dos problemas existentes na sociedade de hoje é a desistência de objetivos e sonhos perante as dificuldades que vão surgindo.

P – Quais os principais objetivos desta iniciativa?

R – Tal como o próprio nome indica, é um grupo de Organização e Gestão de Eventos (OGE) que tem como principal objetivo criar eventos. Sabemos que há várias empresas a desempenhar as mesmas funções, podendo até oferecer melhores condições e garantias, mas também sabemos que não há ninguém melhor do que os próprios alunos para saber o que estes querem. Para além da organização de eventos, é importante que haja ainda a noção de que, tal como gostamos deste “trabalho”, chamemos-lhe assim, há outros que gostaríamos de desenvolver mas que não pudemos por causa da idade ou outros fatores condicionantes. Deste modo, o grupo pretende alcançar outros objetivos que, não tendo sido divulgados ao público, estão presentes e vão ser estudados pelos membros que o constituem.

P – Quem integra este grupo e quem pode vir a fazê-lo?

R – Para já, e como ainda estamos a aprofundar as raízes da iniciativa, qualquer jovem que estude na Secundária da Sé pode ingressar no Grupo OGE, sendo a equipa atual composta por mim, Emanuel Brito, Lara Gomes, Mariana Santos, Carolina Freitas, Caroline Pereira, Joana Costa, Jéssica Fogeiro e Bruno Monteiro. Para que possa haver uma melhor organização interna e distribuição dos trabalhos, foram criados e distribuídos cargos pelos membros, nomeadamente adjunto do coordenador, secretária geral, tesoureira, responsável pelo setor de marketing e publicidade, entre outros. Há mais formas de integrar o Grupo, mas estas são dirigidas a outros públicos, como, por exemplo, bares, discotecas e empresas na área dos eventos; ou outros que possam constituir uma ajuda para este projeto, tornando-se parceiros ou apoiantes. Por exemplo, o bar “In & Out Club” está a servir de espaço para a realização do Torneio de PES 2013, assim como a discoteca “Catedral” já acolheu uma das nossas atividades.

P – Como tem sido a receção por parte da comunidade escolar? E da comunidade no geral?

R – Como se costuma dizer, “primeiro estranha-se e depois entranha-se”. Desde a criação do grupo que as pessoas têm curiosidade em saber o que é, pelo que chegam a fazer-nos perguntas pessoalmente ou através da página do Facebook, maioritariamente porque ouviram falar “e como até é da escola” querem saber do que se trata. Em relação à comunidade escolar, a única coisa que posso dizer é que lamento que os jovens não se tenham mostrado muito recetivos às atividades já realizadas, mas sei que isso se deve principalmente ao fato de ainda não saberem bem do que se trata. Por exemplo, nesta nossa última atividade, o torneio de PES 2013, já tivemos uma adesão muito superior em relação à anterior e esperamos que, ao longo deste ano, seja essa a tendência em todos os eventos. No que toca à reação do público em geral, não podemos adiantar muito, uma vez que ainda não houve nada direcionado para este, mas externamente a esse fator, quem conhece a iniciativa elogia-a e deixa as suas sugestões.

P – O “Projeto Dealema 2013” é uma dos primeiros a ser lançado. Em que consiste?

R – Apesar de ser um dos primeiros a ser lançado, já foram anunciados outros e estão planeados mais alguns até à data do concerto dos Dealema. Contudo, a diferença fundamental que aqui se verifica é a dimensão e abrangência que um concerto como este tem porque estamos a falar de um grupo que é considerado por muitos como o “rei” do hip hop em Portugal e que é aguardado na cidade há mais de três anos. Mais uma vez, remeto para a questão de ter conhecimento e de o próprio grupo saber que se trata de algo “grande”, que envolve uma gestão mais racionalizada, pelo que tomámos as devidas precauções para que tudo corra bem e de acordo com o planeado. Nesta atividade contamos com mais uma vertente, que embora seja um fator muito pouco gratificante para nós, constitui uma necessidade presente do OGE, que são as receitas resultantes do evento. Isto porque a capacidade financeira que pode vir a ser adquirida será aplicada em eventos e situações futuras, reconhecidas como importantes para os estudantes. Todas as informações relativas a este evento estão disponíveis no nosso website oficial (www.oge.pt.vu) e na nossa página do Facebook.

P – Que outros projetos estão a ser preparados? E a longo prazo?

R – Somos um grupo dinamizador e jovem que, também pelo facto de ser constituído por alunos, reflete a força de vontade presente na execução das diferentes tarefas de modo a desenvolver atividades que marquem a diferença. Posso adiantar que, na última semana deste período letivo, vão realizar-se visitas de estudo ao IPG por parte dos alunos finalistas e já estão a ser elaboradas outras de menor dimensão. Como ainda estão em fase de discussão não as vou divulgar para já, mas posso deixar uma “ponta solta” sobre um futuro projeto de solidariedade que abrangerá toda a cidade. A longo prazo, pretendemos crescer em termos de eventos e também na própria dimensão do grupo para que a nossa “energia positiva” possa chegar a mais gente.

P – Quais as metas mais ambiciosas do Grupo OGE?

R – Atualmente, estamos focados em realizar com o maior sucesso possível as atividades a que nos propomos, até porque é bom sonhar, por assim dizer, mas sempre com os pés bem assentes no chão. Por outro lado, estas estão sempre dependentes de vários fatores, como o orçamento, e, por conseguinte, a nossa capacidade de o suportar. Além disso, não há praticamente nenhuma empresa ou serviço que consiga apostar neste tipo de atividades e esta dificuldade não se reduz ao aspeto financeiro. No entanto, temos o exemplo positivo da Câmara da Guarda, que até hoje nos apoiou tanto quanto pôde e conseguiu, pelo que aproveito para salientar o seu papel, já que sem esta ajuda não teríamos alcançado metade do que alcançámos até hoje. Mas há também casos menos agradáveis, em que nos dirigimos a entidades da cidade, por vezes até pessoalmente, e somos quase ignorados pelo facto de sermos jovens. Assim sendo, uma das principais ambições do OGE passa por continuar a fazer mais e melhor dentro daquilo que nos é permitido.

Bruno Neves

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