P – O Open de parapente da Serra da Estrela realiza-se já de 9 a 12 deste mês. Está tudo a postos?
R – Sim, está tudo pronto. Estamos com alguma ansiedade e expectativa por causa do tempo que vamos ter, já que é sempre um factor primordial para uma prova. Mas estou confiante de que vai correr tudo bem. Estamos a preparar bem as questões organizativas e as antevisões de tempo, para já, são boas.
P – Acredita que os responsáveis internacionais vão ficar bem impressionados?
R – Acredito que sim, pelo menos nós vamos fazer tudo para que isso suceda. Também o local, sendo ainda desconhecido, tenho a certeza de que os vai impressionar. Portanto, só se cometermos grandes erros organizativos é que não teremos a Taça do Mundo para o ano.
P – Quantos parapentistas estão previstos para o Open?
R –Uma pré-taça não tem, nesta altura do ano, uma adesão internacional muito forte, mas estou a contar com mais de 100 participantes e tudo o que seja mais de 60 pilotos na competição “A” já é um óptimo número. Já temos alguns espanhóis, franceses e ingleses confirmados para os quatro dias de competição.
P – Quando é que a certeza da realização do Mundial poderá chegar?
R – Quando a PWC decidir o seu calendário para 2005. Isso normalmente acontece durante a reunião do comité na última prova da Taça do Mundo que é no México em princípios de Novembro. Contudo, se as coisas correrem muito bem temos alguma esperança de que ainda antes da definição global do calendário nos possam confirmar, ou não, a realização da nossa prova.
P – Caso Manteigas venha mesmo a receber a etapa do Mundial, trata-se de um grande acontecimento para a região?
R – Sim. É um acontecimento que nos fazia falta há muitos anos e se não for neste ano há-de ser noutro porque não tenho dúvidas de que a Serra da Estrela merece ter regularmente provas do mais alto nível mundial de parapente. É, sem dúvida, a melhor área para voar do país. Só que temos andado um pouco a dormir na região e deixado que outras zonas façam competições internacionais de alto nível porque não temos sabido promover no estrangeiro a nossa região porque nos temos acomodado a êxitos de outros tempos.
P – Quais as potencialidades que a zona do Vale do Zêzere oferece para a prática do parapente?
R – A maior potencialidade é um voo térmico de alta qualidade. Este ano já apanhámos muitos dias em que se subiu a mais de três mil metros, para além de permitir um voo fácil em toda a área do Vale. Ir até às Penhas da Saúde e regressar, ir às Penhas Douradas, vir a Gonçalo e ir à Covilhã. Portanto, percursos de ida e volta que eram raros em Portugal. Na zona do Vale do Zêzere temos uma protecção do vento a leste/noroeste que é o vento principal no nosso país.
P – A Escola de Parapente da Serra da Estrela tem despertado muito interesse no público?
R – Sim. Tivemos uma estratégia nova, já que pretendemos que os alunos que queiram tirar cursos sejam da região e isso tem vindo a acontecer. A maioria dos alunos, finalmente, é da região, não só da Guarda, mas também da Covilhã, Fundão e Castelo Branco para aumentarmos o número de praticantes nesta zona. Onde tem havido uma afluência extraordinária é nos baptismos de voo. Só é pena que não se possam realizar todos os dias, se não seria um bom suporte económico até para a Escola. O facto de estar instalada no Squiparque, que é uma zona muito movimentada, faz com que haja inscrições para baptismos de voo com muita frequência.
P – Qual a sua opinião sobre o facto de, neste ano, o Open de Parapente do Inatel em Linhares da Beira não se ter realizado?
R – Não vejo bem, nem mal. É um problema que não me diz respeito. Lamento é que se faça tanta polémica e comparações entre Linhares e uma nova zona de voo. Acho que a Serra da Estrela está mais rica. Linhares continua a ser um grande local de voo, mas vejo agora pessoas a dizer bem de lá que nunca disseram e a dizerem que eu fiz mal. Ninguém fez mais, nem ninguém gosta mais de Linhares do que eu, até porque alguém que faz nascer uma coisa, gosta que ela continue a existir. Conheço muito bem as características de Linhares e tenho a certeza de que vamos acabar com esta polémica e que vamos ver os dois locais de voo a funcionarem e nenhum a querer “matar” o outro e a conciliarem interesses. Infelizmente, alguns políticos são demasiado “curtos de visão”, nomeadamente aqueles que nunca fizeram nada pelo paparente, e procuram fazer disto uma divisão de zonas. Eu não. A primeira vez que não faço nada em Linhares, infelizmente não houve Open, não houve competição, mas um pequeno encontro. Isto comparado com o que já se tinha feito, acho que não foi mais do que uma tentativa de lavagem de cara de políticos para quem não está por dentro destas coisas. Fazer um Open durante uma semana e fazer um encontro de dois dias, não me pareça que seja a mesma coisa e que seja defender o local. Quem quer defender o local sou eu e defendê-lo é ter uma zona alternativa para voo térmico fantástico que a nova zona e continuar a usar Linhares para aquilo que ele é melhor no mundo que é o voo dinâmico e termodinâmico de fim de tarde. Os dois sítios conciliam-se perfeitamente.