Arquivo

Neve transportada em tractor na Torre

Turistrela garante tratar-se de uma prática legal, mas Parque Natural da Serra da Estrela já reforçou vigilância em torno da estância de esqui

Para fazer face à falta de neve no maciço central, a Turistrela – concessionária do turismo na Serra da Estrela está a efectuar o transporte do agradável “manto branco” em tractores para tornar viável a prática de esqui na única estância do país. O administrador da empresa garante que esta é uma prática utilizada «em qualquer parte do mundo», mas há quem defenda tratar-se de uma atitude ilegal. Com o intuito de poder observar as movimentações da neve e aferir da sua legalidade, o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) já está a reforçar a vigilância em torno da estância de esqui, na zona da Torre.

Esta situação foi denunciada a “O Interior” e vem relatada num blogue na Internet que apresenta diversas imagens da alegada movimentação de neve com recurso a máquinas pesadas, como uma retroescavadora e um tractor com reboque. O seu autor alega, de forma anónima, tratar-se de um processo ilegal com o qual a Turistrela pretende manter as pistas em funcionamento. Uma versão contrariada por Artur Costa Pais, administrador da concessionária, que assegura que a movimentação da neve está a ser «efectuada dentro da área vedada da estância de esqui». Por lado, «sempre se fez isso e irá continuar a fazer-se no futuro», garante. Aliás, assegura mesmo que a neve está a ser movimentada, «de forma legal, no máximo uns 300 metros de um lado para o outro». «Há pouca neve e somos obrigados a recorrer a isso, tal como se faz em qualquer parte do mundo. Todas as estâncias fazem movimentação de neve para os locais onde precisam dela», reforça. É que a Turistrela entende ser «preferível haver apenas uma pista a funcionar do que ter a estância encerrada», sendo que as melhores previsões apontam para que a neve possa cair só depois de amanhã.

De resto, afirma que a Turistrela «sabe quem está por detrás dessas denúncias», ao sublinhar que são pessoas «que beneficiam com o funcionamento da estância», embora se tenha escusado a nomeá-las. Contactado por “O Interior”, Fernando Matos, director do PNSE, sublinha que, caso a movimentação da neve esteja a ser feita dentro da estância de esqui, «não há qualquer inconveniente, desde que não se mexa na terra». Agora, o caso muda de figura se as recolhas ocorrerem fora da estância, pois será levantado «o respectivo auto que seguirá os seus trâmites normais», explica, até porque podem «deteriorar a estrutura herbácea» existente na zona, como é o caso do cervunal, a vegetação típica das zonas altas da Serra da Estrela. No entanto, Fernando Matos realça que a legalidade «depende do tipo de intervenção que está a ser feita», algo que ainda desconhece. Nesse sentido, já deu instruções para que os guardas do Parque intensifiquem a vigilância na área em redor da estância para poderem averiguar da legalidade das operações. «Os vigilantes estão lá a passar todos os dias e a várias horas do dia», revela, sublinhando que «quando a estância tem neve, os problemas são diminutos, mas este ano há muito pouca neve e, por isso, tem de haver cuidados acrescidos com a movimentação de máquinas», disse o director do PNSE.

Ricardo Cordeiro

Sobre o autor

Leave a Reply