P – Quais as principais carências da Aldeia SOS da Guarda?
R – A nossa principal necessidade é termos mais mães. Estamos com duas casas que estão desocupadas, temos agora uma senhora que se candidatou e que está a entrar, mas precisamos de mais mães, senhoras que tenham este espírito de caridade e de querer ter uma família. A par disto, temos uma necessidade muito grande de apoios financeiros para a vida da instituição e para o bem-estar das crianças também. Temos muitas actividades, as crianças estão inseridas em muitos projectos e todas as actividades educativas necessitam desse apoio financeiro. Precisamos de mais sócios e pessoas que se interessem por nos ajudar, não só através de dinheiro, por meio de donativos ou fazendo-se sócios ou colaboradores, mas também através da doação de alimentos ou de roupas. Todo o tipo de ajuda é necessária.
P – Seriam necessárias mais quantas mães SOS?
R – Neste momento temos três mães e gostaríamos de ter cinco.
P – Quantas crianças há actualmente na instituição? Tem capacidade para mais?
R – Estamos a acolher 20 e o máximo são 40. Não temos mais devido à falta de “mães”, porque o nosso modelo de acolhimento assenta em quatro princípios. A mãe social é a pessoa que partilha a casa com as crianças, que é responsável pela manutenção do lar, é uma das responsáveis pela educação das crianças em conjunto com a equipa técnica. Outro principio é a casa como o sítio onde a família vive. Outra característica é a não separação de irmãos. Um quarto princípio é a vida em comunidade na Aldeia, onde todas as pessoas que cá estão a trabalhar ou a viver têm que partilhar as angústias, alegrias, objectivos e projectos.
P – Que tipo de projectos a Aldeia SOS tem para o futuro?
R – Um deles é ter mais duas casas e acolhermos mais crianças. Nós temos pedidos, há essa necessidade. Outro projecto que está em curso é o apoio familiar, de conseguirmos trabalhar com algumas famílias das nossas crianças, no sentido de as reabilitar e apoiar. Depois temos vários projectos educativos, desde as férias que organizamos para os miúdos até às actividades na Aldeia, de educação parental também. Há um projecto interno e depois há um projecto a longo prazo que será de uma resposta à comunidade.
P – Para além da recolha de fundos, a realização do arraial pretendeu também chamar a atenção da sociedade guardense para o facto desta instituição estar de portas abertas?
R – Quem nos conhece e quem já nos acompanha há alguns anos sabe que não somos uma instituição fechada, no sentido de não recebermos as pessoas. O que acontece é que esta é a casa das crianças e como tal há que gerir a entrada das pessoas para, no fundo, não interferirem na vida privada de quem cá mora. Contudo, reconheço que há essa ideia na cidade de sermos um sítio fechado. O que dizemos às pessoas é que quem estiver realmente interessado em nos conhecer, até por curiosidade de saber como nós funcionamos, pode cá vir e num curto espaço de tempo nós explicamos às pessoas.
P – Até que ponto é importante o apadrinhamento de várias casas por empresas da cidade?
R – Esse é um dos aspectos que mais nos preocupa. A manutenção das casas exige um apoio financeiro permanente porque têm um desgaste muito grande, uma vez que acolhem sete ou oito pessoas e um grupo sempre grande de crianças que obriga a que realizemos a substituição de colchões ou camas, por exemplo. Para manter a casa confortável e até ao gosto das crianças, temos que fazer sempre algumas alterações e este apoio vem no sentido de nos ajudar nessas mudanças que temos que ir realizando.
P – É nos momentos de crise que há mais crianças a precisar de ajuda?
R – Temos tido essa noção que todos os anos tem havido um número de pedidos regular, nomeadamente quando acabam as aulas. Neste tempo de crise sentimos que as pessoas recorrem mais a nós até para outro tipo de apoios, como ao nível da alimentação. São situações que encaminhamos para outras instituições, já que essa não é a nossa função.