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Nenhum médico escolheu o Sousa Martins

Vagas para carenciados em quatro especialidades médicas no Hospital da Guarda ficaram novamente vazias

Nenhum médico escolheu a Guarda no âmbito do concurso nacional lançado pelo Ministério da Saúde para vagas em hospitais e centros de saúde carenciados. No caso do Hospital Sousa Martins, as especialidades médicas em causa incluíam Anestesiologia, Cardiologia, Pediatria e Radiologia, com uma vaga para cada serviço.

Esta medida de excepção prevista pela tutela já tinha acontecido em anos anteriores e permitiu ao hospital receber dois novos especialistas em 2007, um cardiologista e um ortopedista, que continuam por cá. Contudo, desta vez os lugares ficaram desertos, já que nenhum clínico concorreu para a Guarda. Luís Ferreira, director clínico do Sousa Martins, atribui a “culpa” ao facto dos médicos «preferirem celebrar contratos individuais de trabalho com hospitais com estatuto de Entidades Públicas Empresariais (EPE’s) mais perto da sua área de residência ou com os quais tenham mais afinidades». Assim sendo, o Hospital da Guarda continuará carenciado naquelas áreas médicas, uma das quais –Radiologia – não tem nenhum especialista ao serviço, porque as vagas abertas nos últimos dois anos nunca foram preenchidas. De resto, o director clínico afiança que a situação da Cardiologia também «é preocupante».

Actualmente, há três médicos, mas apenas dois pertencem aos quadros do Hospital. Para colmatar a falta destes especialistas, a unidade viu-se obrigada a celebrar contratos de prestação de serviços com duas empresas, uma delas de Lisboa, «com as quais trabalhamos com recurso à telemedicina», adianta. Quanto às outras especialidades, o Sousa Martins conta com seis anestesistas e cinco pediatras. A falta de médicos continua a ser «uma área problemática e tem obrigado a um enorme esforço» por parte dos profissionais que exercem no hospital distrital, que se «desdobram em horas extraordinárias e escalas de Urgências, por vezes, 24 sobre 24 horas», refere o responsável. Aliás, há 70 lugares por preencher no quadro da instituição, com capacidade para 224 médicos, recorda o director clínico.

Quanto a possíveis “estratégias” para atrair médicos, Luís Ferreira continua a defender que «um hospital novo e bem equipado» poderia “dar uma mãozinha” na fixação de mais clínicos na cidade. Por outro lado, também a criação da Unidade Local de Saúde (ULS) e a obtenção do estatuto de EPE podem facilitar essa estratégia, já que permitirão «maior flexibilidade na contratação de clínicos, nomeadamente através da realização de contratos individuais de trabalho», refere. Mas até lá o Hospital da Guarda esperar pelo próximo concurso, que deverá acontecer em Maio ou Junho, «altura em que vão surgir novos médicos», acrescenta. Segundo o clínico, «o número de candidatos, a quantidade e o tipo de vagas a abrir noutros hospitais» vão ser factores determinantes para as expectativas do Sousa Martins.

Rosa Ramos

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