A minha mãe faz oitenta anos em 13 de Dezembro e o pai faria oitenta e três. O Ricardo que foi o único neto que ele não viu faz em sete de Fevereiro sete anos. Assim avança o tempo como um rolo compressor, esmagando memórias na construção de outras vidas, de mais amplos destinos. Que mais desejariam as pessoas inteligentes, que foram deste mundo partindo, que espaço de liberdade, independência, sucesso, atrevimento para aqueles que agora se formatam, crescem e ocupam lugar? Que melhor caminho que o de um destino aberto, sem outras balizas que as do socialmente obrigatório? Educação, solidariedade, militância social, empenhamento, exigência pessoal e felicidade. Aos filhos e aos netos queremos que partam depois de nós e sobretudo que nos engrandeçam com os seus sorrisos. Somos felizes se têm apetite, se jogam à bola, se se rodeiam de amigos, se nos trazem as pequenas nódoas negras e arranhões, se transportam paixões. Adoro quando chegam sujos, com a cara feliz e o peito arfando. Assim estaria o pai a ver o Ricardo agora e assim o observa a Maria Fernanda dos seus sábios 80 anos.
A mãe foi muitas coisas e abdicou de uma carreira firme para cuidar dos filhos na agrura da revolução de 74. Ficou uma escola de enfermagem construída, um hospital chefiado, um mundo de seguidores, de amigos, de admiradores e ela serenada por um destino agreste. A mãe abdicou para dar, para ser educação, liberdade, responsabilidade. Foi a certificação e a auditoria, e o advogado e o juiz. Assim se moldaram os Cabrita filhos e netos e assim se reuniram todos para a homenagem de 13 de Dezembro.
A todos um excelente 2009.
Por: Diogo Cabrita