Arquivo

«Não temos hipóteses de convidar um conjunto significativo de realizadores»

Cara a Cara – Entrevista

P – Qual o balanço que faz da décima edição do Cine’Eco?

R – É um balanço positivo, dado que tivemos muito público – entre nove a dez mil pessoas -, bons filmes, muitas personalidades e uma actividade intensa durante 10 dias. Julgo que o festival teve talvez uma das melhores edições, senão mesmo a melhor de sempre.

P – Em relação à ligação à cidade brasileira de Goiás, quais os benefícios que podem ser conseguidos com a geminação?

R – Julgo que os benefícios que se podem conseguir com a cidade de Goiás são inúmeros, desde alguns directamente ligados ao festival até outros. Por exemplo, este ano pelo facto de ter ido ao FICA em Junho trouxe para o Cine’Eco três ou quatro grandes filmes que aqui estiveram. O mesmo vai acontecer certamente com o FICA que ao longo dos últimos anos tem levado muitos filmes que têm sido vistos aqui ou aconselhados através do festival de Seia. Por outro lado, para lá do aspecto puramente cinematográfico ligado ao festival, o Secretário de Estado da Cultura de Goiás já pediu um ciclo de cinema português para apresentar em Goiás. Também já manifestaram interesse numa série de actividades que tenham a ver com a Serra da Estrela e com a região de Seia para serem mostradas durante o Festival em Junho de 2005. Uma das actividades em que manifestaram interesse foi ter uma representação do Parque Natural da Serra da Estrela.

P – Portanto, é um acordo importante para divulgar a região?

R – É importante em termos turísticos e não só. O Washington Novaes, por exemplo, gostou muito do Museu do Brinquedo de Seia e mostrou-se muito interessado em, se houver uma hipótese, levar ao FICA uma representação do Museu e de, inclusive, eles lá fazerem uma réplica e começarem a iniciar um trabalho de Museu do Brinquedo que tivesse a ver com o Brasil. Do nosso lado, não sei, mas talvez algumas personalidades ligadas à Câmara e ao concelho são capazes de ir ao FICA em Junho de 2005. E é muito possível que também haja hipótese de recolher elementos do lado de lá. Há também a possibilidade de um intercâmbio entre universidades. Há, efectivamente, um conjunto de actividades ao nível da educação, da cultura, de desenvolvimento económico que podem ser muito interessantes. É sempre um campo que se abre com muitas hipóteses de ser trabalhado.

P – Como é que está o projecto de cinco festivais do ambiente se reunirem num grande encontro internacional?

R – Era para ter sido feita aqui este ano uma reunião da Associação dos festivais e só não foi possível porque houve algumas condicionantes com os três festivais europeus que estão associados ao Cine’Eco. Um começa para a semana e era difícil o director vir aqui, no caso do festival grego, a directora estava convidada para integrar o júri, já tinha aceite, mas à ultima da hora teve a produção de um filme que andava há muito tempo para ser feito. E o espanhol é realizador e estava a fazer um filme na América Latina. Portanto, foi impossível reunirmos, mas houve alguma troca de e-mails para pôr em andamento várias iniciativas. Uma das que temos prevista é a realização de um festival dos festivais, reunindo os melhores festivais, incluindo já o FICA e passando em todos essa colecção. Quer começar-se com isso em 2006 e no Cine’Eco desse ano poderemos projectar todos os filmes importantes dos cinco festivais, ou de outros porque há a hipótese de aderirem outros. É muito possível que haja possibilidades de posteriormente reunir esses festivais todos num grande festival dos festivais que depois circulará ou na época de cada um dos festivais ou em épocas alternativas.

P – As dificuldades financeiras têm impedido o festival de crescer?

R – Têm um bocado, sobretudo a certos níveis. Por exemplo, não temos tantos convidados como gostaríamos de ter e como aqueles que gostariam de vir cá. A realizadora do filme que venceu o Grande Prémio estava absolutamente disposta a vir cá, mas obviamente as pessoas têm que ser convidadas e nós não temos hipóteses de convidar um conjunto significativo de realizadores, o que impede que o festival cresça nesse aspecto. Temos feito um grande esforço para não se notar muito ao nível da programação, das publicações e do que é o essencial do festival. Mas podíamos ter mais manifestações paralelas e sobretudo uma maior presença de realizadores estrangeiros, o que seria importante até para a região porque isso é uma forma do festival e da região ficarem mais conhecidos internacionalmente. O município tem feito um grande esforço para manter o festival no ar. Somos o único festival do ambiente em Portugal. Houve várias tentativas entretanto e todas falharam, inclusivamente com suportes económicos muito maiores do que o nosso. Posso dizer que um festival como este que hoje em dia tem um prestígio bastante grande dentro e fora de Portugal, é feito com 10 por cento de outros festivais que se fazem em Portugal.

Sobre o autor

Leave a Reply