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«Não faz sentido criar uma universidade em Viseu»

Reitor da UBI discorda dessa possibilidade, alegando que Viseu já tem «três instituições» credíveis

«Não faz sentido nenhum criar mais uma instituição de ensino superior em Viseu num período em que vemos o Orçamento de Estado a diminuir», considera o reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), Santos Silva, manifestando-se contrário à possibilidade do Governo criar uma universidade pública naquela cidade. Uma promessa de anos que Viseu espera ver concretizada ainda neste mandato da coligação PSD/PP.

Tendo em conta os constantes cortes no financiamento superior público, Santos Silva considera que faria «mais sentido» o Estado investir nas três instituições de ensino superior existentes na cidade viseense ao invés de se criar uma nova universidade pública, ainda para mais quando já ali existem cursos dedicados às Ciências da Saúde. Esta era, aliás, uma forma de criar «ensino de qualidade», sublinha, sugerindo protocolos com as instituições privadas. Além do mais, a existência de «três instituições credíveis» de ensino superior em Viseu posiciona-a como «uma das cidades do interior do país com uma presença significativa de ensino superior», particularidade comprovada pelos mais de 11 mil estudantes que frequentam cursos superiores no Instituto Politécnico de Viseu, no Instituto Piaget e na Universidade Católica. Só o Politécnico tem oito mil alunos repartidos pelas 32 licenciaturas e mais 1.500 estudantes em pós-graduações. Os restantes dividem-se pelo Piaget (1.900 alunos) e pela Católica. «O ensino superior público está bem presente em Viseu, pelo que não se pode dizer que não há ensino de qualidade», constata Santos Silva.

A juntar a isto, há que ter ainda em conta a constante diminuição de candidatos no ingresso ao ensino superior. Uma realidade que tem vindo a verificar-se nos últimos tempos e que este ano não foi excepção, com uma quebra global de 4.630 alunos em relação ao ano transacto. E quando se trata de uma instituição situada no interior do país, há que ter mais atenção a este facto devido às «dificuldades» em captar alunos. «À semelhança da UBI, o Politécnico de Viseu tem cerca de 80 por cento de alunos deslocados», salienta o reitor. Também a proximidade com as instituições de Aveiro e Coimbra, das quais Viseu está a menos de cem quilómetros, invalida a necessidade de mais uma instituição pública e corrobora cada vez mais a certeza de que a sua concretização advém de uma «promessa» antiga, sublinha o reitor. Apesar de ainda ser um anúncio recente, feito apenas na semana passada, a possível criação da futura universidade de Viseu suscitou uma acesa discussão junto das instituições da região Centro, principalmente dos politécnicos.

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