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Na sequência de uma Visita de Estudo a Sintra

GAIA

por Elsa Salzedas*

O que é que o amor entre um Rei de Portugal e uma cantora de ópera, o fabuloso Parque da Pena em Sintra e o nosso majestoso Parque do antigo Sanatório da Guarda, têm em comum?

Tenho andado entretida com a biografia da Condessa d´Edla, de nome Elise Hensler, grande amor do viúvo Rei consorte de Portugal, D. Fernando II. Este, ao assistir a uma récita interpretada por Elise, da ópera Um Baile de Máscaras, no Real Teatro de S. Carlos, em Lisboa, fica para sempre preso à sua voz e aos seus poderes encantatórios, nascendo um amor incondicional, com partilha mútua de interesses pelas artes, pela natureza, pela poesia …

Natural de uma região montanhosa e de camponeses amantes de música, junto ao lago Neuchâtel na Suíça, Elise (1836-1929) cedo despertou também para a música, mostrando dotes fora do vulgar. Os cheiros, os sons, as cores e as texturas dos Alpes Suíços terão marcado profundamente Elise, influenciando-a mais tarde na concretização de alguns dos seus sonhos. A construção do Chalé da Condessa no Parque da Pena, com vista para o Palácio de D. Fernando (Palácio da Pena), assim como de toda a sumptuosa floresta e jardins envolventes, constitui um projecto e também um refúgio para os dois amantes. Esta floresta surge num ambiente de profundo romantismo e provém maioritariamente da Europa Central (as folhosas como o Castanheiro da Índia) e da costa oriental da América do Norte (as gigantescas Sequóias e as Pseudotsugas), onde Elise tinha a irmã Louise, casada com um silvicultor, seu conselheiro.

Na corte, a Condessa era muito mal recebida, até ostracizada; excepção para a Rainha D. Amélia de Orleães, casada com um neto do seu adorado D. Fernando II, El Rei D. Carlos. Entre as duas existia enorme cumplicidade: D. Amélia terá sido muito influenciada pelos gostos e opções artísticas da Condessa. O Parque do antigo Sanatório da Guarda, que tem D. Amélia como madrinha, tem uma arquitectura muito semelhante ao Parque da Pena, embora com muito menos exuberância. O arquitecto da moda, na altura, Raul Lino, projectou entre muitas coisas o túmulo da Condessa d´Edla (cemitério dos Prazeres) e o Sanatório da Guarda. À escolha do projecto de arquitectura paisagística do Sanatório da Guarda não são alheios todos estes factos onde a presença de fabulosos exemplares de Sequóias, Pseudotsugas e Castanheiros da Índia documentam tais semelhanças.

O Romantismo está bem presente no nosso Parque da Saúde e deve ser preservado.

*Elsa Salzedas é professora de Biologia

Sobre o autor

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