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Museu do Côa a concurso

Construção tem um preço-base de 11,5 milhões de euros

O Governo prepara-se para pôr finalmente a concurso a construção do Museu de Arte e Arqueologia do Côa, em Vila Nova de Foz Côa. Contrariamente ao esperado, a empreitada é da responsabilidade do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional, através da Direcção Regional de Edifícios e Monumentos do Centro, e não da Cultura. O preço-base dos trabalhos é de mais de 11,5 milhões de euros, sendo o seu financiamento assegurado pelas verbas inscritas no PIDDAC do Instituto Português de Arqueologia (IPA). Contudo, este concurso exclui o equipamento e restringe-se apenas às instalações e infraestruturas do edifício.

É a primeira vez, nos últimos 10 anos, que o Museu do Côa chega à fase da obra. O edifício foi inicialmente pensado para a zona onde começou a ser construída a barragem, na Canada do Inferno, mas obra foi suspensa com a descoberta das gravuras no rio Côa. Posteriormente, o museu foi reavaliado e deslocalizado para uma encosta sobranceira à confluência dos rios Douro e Côa, no Vale de José Esteves, na zona Norte do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC). Foi para este local – uma área de seis mil metros quadrados e 190 metros de cumprimento, o equivalente a um porta-aviões – que os arquitectos Tiago Pimentel e Camilo Rebelo idealizaram um monólito com janelas em frestas, semi-enterrado e com oito metros de altura na vertente virada para o vale do Douro. A dupla portuense foi a vencedora, em Maio de 2004, do concurso público internacional, organizado pela Ordem dos Arquitectos, para a concepção do museu. A sua proposta mereceu rasgados elogios do júri e um prémio de 25 mil euros. Segundo o relatório final, a solução arquitectónica proposta é «extraordinária e carismática», assentando numa «figura forte, capaz de responder com clareza e intensidade aos valores da paisagem e do território», para além de ser «uma inventiva e adequada resposta à integração na envolvente».

30 milhões como custo máximo

Nesse sentido, destaca-se a fachada virada para o vale do Douro e feita de grandes superfícies envidraçadas, cujas janelas espelhadas no exterior reflectem a paisagem. Outra solução inesperada reside no acesso ao museu, pois vai fazer-se pela cobertura do edifício. Há quase uma década que o Museu do Côa é considerado um projecto-âncora para o desenvolvimento da região. Com uma área coberta máxima de seis mil metros quadrados, este equipamento tem ainda orçamentados mais quatro milhões de euros para a museologia, verbas previstas no III Quadro Comunitário de Apoio. A intenção de construir o Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa remonta a 1996, ano da criação do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), uma área considerada Património da Humanidade a preservar dois anos depois pela UNESCO. Em 1998, o Estado português assumiu o compromisso de desenvolver a conservação da Arte Rupestre e promover a construção de um museu, de modo a proporcionar a um público alargado a informação adequada, inseri-lo nos circuitos do turismo e promover o desenvolvimento económico e social da região. Contudo, a sua concretização tem sido muito conturbada.

No final de 2001, o Ministério da Cultura escolheu o projecto em cascata de Maia Pinto, então director do PAVC, para o sítio da Canada do Inferno, onde deveria ter sido construída a barragem da EDP. O Governo PS caiu em Março de 2002 e arrastou consigo o primeiro Museu do Côa, que a coligação PSD-PP mudou para uma encosta sobranceira à foz do Côa. Esta nova localização implica um projecto mais pequeno, menos custos, mas centralidade em relação a vários núcleos de gravuras. Para o Ministério da Cultura, o empreendimento tem um custo máximo de 30 milhões de euros que não pode ultrapassar.

Luis Martins

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