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Apenas dois responsáveis

(…) Fazendo a comparação entre uma unidade fabril e o nosso ensino escolar, verificamos que é muito idêntica, ou seja: o empresário é o Estado, o espaço fabril são as escolas, o pessoal especializado são os Professores, o controle de qualidade são os exames e a “matéria-prima” serão os alunos.

Aqui reside o grande problema do sector no nosso país. Alguém já avaliou os progenitores? Serão eles dignos de serem pais? (…) Já alguém lhes pediu responsabilidades por não ensinarem desde o berço os filhos a distinguirem o bem e o mal? Por darem aos filhos brinquedos de guerra ou jogos para computador que os incentivam à violência?

Querem agora que esses mesmos pais venham a fazer a avaliação dos Professores!

Será possível que exista alguma régua de medição para avaliar a paciência, os nervos, o saber de um Professor para manter a ordem de mais ou menos 20 ganapos que não têm o mínimo de educação a partir do berço?

Que culpa tem o Professor de tão má matéria-prima? (…). É certo que as crianças não têm culpa de ter nascido, mas já no ventre da mãe, vão ouvindo o matraquear do teclado, sentem a ansiedade da mãe em frente às novas tecnologias e ao que a sociedade de consumo e profissional exige à progenitora. Ao nascer, esta criança vem já com o braço e o dedo indicador para accionar o teclado do computador e aqui é que os pais lhe devem chamar a atenção onde começa o mal e o bem.

É certo que há bons e maus professores mas em qualquer profissão também os há, seja ela de alta ou baixa intelectualidade mas nenhum gosta de ser avaliado por estranhos á sua especialização, é repugnante e vexatório. (…) Se os pais são tão exigentes porque não ensinam eles os filhos e ao fim do ano apresentam-nos na sala de exames?

(…) Facilitem a vida aos Professores! Eles que resolvam os seus problemas internos. Avaliados sim, mas pelos seus superiores hierárquicos, pois eles são indispensáveis aos homens do futuro.

António do Nascimento, Guarda

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