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Museu de Lanifícios dos Meios pronto em 2005

A candidatura da ProRaia ao financiamento do “Leader” foi aprovada e o projecto está finalmente em concurso

No final de 2004 ou início de 2005 é a data apontada por Esmeraldo Carvalhinho, vereador da Câmara da Guarda e presidente da Associação de Desenvolvimento ProRaia, para finalmente abrir as portas do Museu de Lanifícios dos Meios. O projecto já tinha sido aprovado pelo programa comunitário “Leader” pela Adruse em 98, altura em que a Guarda ainda fazia parte da Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela, mas sem financiamento. «Isto significou que a Adruse estava mais virada para o outro lado da serra», conta Carvalhinho, agora mais agradado com o facto do projecto já estar em concurso e das verbas terem sido aprovadas pelo “Leader” da ProRaia, que abrange os concelhos da Guarda e Sabugal.

Cinco anos passados, o Museu de Lanifícios dos Meios parece ter agora um fim à vista, contando com o Gabinete Técnico Local guardense na readaptação do projecto e na remodelação do espaço, cuja componente se manterá. O edifício é pertença do Parque Natural da Serra da Estrela, que protocolou a cedência com a Câmara da Guarda para dar vida àquela que foi em tempos uma fábrica de lanifícios. O objectivo é criar um «museu vivo», dividido em três pisos com 140 metros quadrados cada. O piso zero destina-se à exposição de peças ligadas à actividade de tecelagem, bem como painéis informativos e ilustrativos. Este espaço albergará ainda um “cybercafé”, que será utilizado para mostra de artigos produzidos pelos artesãos do museu, um local para tomar um simples café ou ainda para consultas na Internet.

No piso um localiza-se a área administrativa, com acesso directo pelo exterior, e a zona dos teares. Ali encontrar-se-ão teares originais que serão recuperados para posterior utilização na produção artesanal dos tradicionais cobertores de papa, perpetuando assim a tradição. Já o segundo piso está destinado exclusivamente a arrumos do museu, com acesso através de uma escada. Segundo o projecto, a que “O Interior” teve acesso, a recuperação do edifício terá como princípio a manutenção, «sempre que possível», dos elementos construtivos actualmente existentes, «mesmo que não sejam contemporâneos da construção do edifício, mas representativos das transformações sofridas ao longo do tempo», pelo que a estrutura em betão que se encontra à entrada do museu será mantida, recuperada e revestida a madeira de castanho. Do projecto consta ainda a abertura de parte da parede que separa os espaços de exposição e o “cybercafé” devido à falta de luminosidade. Também as caixilharias serão mantidas, recuperadas e tratadas, com excepção das portas, a substituir dado o seu estado de degradação.

Dividida em partes museológica e de fabrico e venda, a nova casa cultural do concelho da Guarda pretende ser um pólo de atractividade turística numa zona com um património paisagístico «extraordinário», de forma a dinamizar a economia local daquele núcleo de freguesias da Serra. Esmeraldo Carvalhinho admite que a rentabilidade de uma estrutura destas não é a mesma de uma moderna, mas «o importante é dar possibilidade às pessoas de ver como se fazia antigamente», explica o responsável, garantindo que o equipamento continua «impecável». A obra custará 192.400 euros, sendo 75 por cento pagos pelo “Leader” da ProRaia e 25 pela Câmara da Guarda. Todavia, depois de construído, o museu deverá ser dinamizado e gerido por uma entidade local, que ainda não é conhecida. «É conveniente que haja envolvimento local», destaca Carvalhinho, assumindo que a divulgação será feita através do material de promoção turística existente na região, além da própria publicidade do museu, com panfletos, fotografias, desdobráveis e outros. Mas o responsável deixa um aviso: «Não queremos que aconteça o que aconteceu com a Casa Museu da Arrifana», um projecto «óptimo» que está fechado pela falta de dinâmica local. Daí, o novo projecto do Museu de Lanifícios dos Meios ter uma vertente mais atractiva com o “cybercafé” e a Internet, permitindo que os jovens ali permaneçam mais tempo. Esta nova estrutura cultural e museológica abrirá as portas dentro de aproximadamente ano e meio.

Rita Lopes

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