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Museu da Guarda nunca foi concorrente ao espólio de Eduarda Lapa*

Foi publicada, no passado dia 5, a notícia “Trancoso recebe espólio de Eduarda Lapa”, que se refere a dada altura ao Museu da Guarda. Por considerar que essa referência enforma de algumas imprecisões e desconhecimento passo a esclarecer:

Refere a notícia que muitas instituições ou entidades, entre as quais o Museu da Guarda, teriam sido preteridas na doação que a família de Eduarda Lapa entendeu fazer agora, e na minha opinião muito bem, à Câmara Municipal de Trancoso.

(…) Desde 1997, altura em que o Museu da Guarda produziu e apresentou ao público a exposição “Eduarda Lapa, Pintora”, e durante estes dez anos, mantive com a família da pintora, nomeadamente com a recém falecida Dr.ª Maria Manuela Lapa Passos David Gomes amplo relacionamento. A possibilidade do Museu da Guarda vir a aceitar espólio da pintora foi tratada logo de início. Das conversações então realizadas desde logo ficou claro para a Dr.ª Maria Manuela que o Museu da Guarda nunca poderia acolher parte do espólio de Eduarda Lapa com as condições por ela desejadas e agora tornadas públicas através da doação efectivada à Câmara Municipal de Trancoso.

O Museu da Guarda é uma instituição plural no sentido que conserva, estuda e divulga o património regional. (…) A qualificação do seu discurso museológico não contempla mais a tipologia expositiva utilizada nas décadas de 40 e 50 do século passado, onde as colecções expostas criavam clivagens, perdiam contextos, se particularizavam e individualizavam.

A obra de Eduarda Lapa está significativamente representada na colecção de pintura do Museu da Guarda. Este realizou já, por mais que uma vez, a devida homenagem à mulher e à pintora que tão empenhadamente contribuiu para a sua criação. Para além disso, colaborou activa e intensamente na homenagem que a Câmara Municipal de Trancoso entendeu realizar em 1998, tendo para o efeito produzido o excelente catálogo que a autarquia editou.

Assim o Museu da Guarda nunca se considerou concorrente, pelas razões atrás apontadas, ao espólio que agora foi doado à Câmara Municipal de Trancoso, e muito menos se sente por esse facto desacreditado ou subalternizado.

(…)

*título da responsabilidade da redacção

Dulce Helena Borges, directora do Museu da Guarda

Nota da redacção: Na notícia em causa o Museu da Guarda é mencionado pelo presidente da Câmara de Trancoso. Mas nem Júlio Sarmento, nem “O Interior”, referem que o Museu da Guarda foi «subalternizado» ou «desacreditado». Essa leitura é da directora da instituição.

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