“O espírito dos lugares – Cenários para um Património Imaterial” é o nome da exposição que está patente no Museu da Guarda até dia 18 de Julho. Uma mostra que destaca a identidade cultural do distrito através dos saberes e costumes que foram passando de geração em geração em localidades serranas, raianas e durienses. O ponto de partida desta proposta residiu no acervo fotográfico do museu, nomeadamente os registos realizados por António Correia, ligados às comunidades urbanas e rurais do distrito da Guarda nos anos 30 e 40. Houve depois muita investigação e a recolha de textos e imagens, de costumes e tradições, estilos de vida, folclore e canções de toda a região.
A exposição serve para «reavivar a memória dos mais velhos e dá a conhecer aos mais novos, nomeadamente as tradições e costumes da região», explica a directora do museu da Guarda. Por isso esta apresentação é uma forma de distinguir «a identidade cultural» através do conhecimento transmitido por várias gerações, conta Dulce Helena Borges. A mostra destaca ainda o património imaterial do distrito, como as recolhas musicais de Armando Leça, o linguajar contrabandista de Quadrazais (Sabugal) ou as melodias de José Alberto Sardinha, as quais podem ser ouvidas através de consolas que estão distribuídas pela exposição. Ao nível do inventário etnográfico destacam-se homens como José Franco, Manuel Boaventura e Manuel Martins. A exposição encontra-se dividida em núcleos temáticos como a festa, as profissões, o quotidiano, a oralidade, a pastorícia, entre outros. E tanto são apresentadas fotografias do corrupio de pessoas carregadas em direcção à praça ou ao mercado, como do trabalho do oleiro que pode ser de Figueira Castelo Rodrigo ou da Malhada da Sorda, entre outras imagens únicas de antigamente. Como refere Dulce Helena Borges, numa exposição dedicada ao imaterial, o fundamental são as imagens e os textos: «Os objectos existentes servem apenas para contextualizar», refere. Tomentos, estopas, estopinhas, travinca, fusos, cocharra, lenço dos namorados são alguns dos elementos que podem ser observados num percurso de regresso a um passado que parece já muito distante. Para além desta recolha, está também patente uma componente linguística associada ao acervo fotográfico, uma mostra das variações linguísticas, através de trava-línguas ou canções de chacota, por exemplo. A exposição foi concebida para assinalar o Dia Internacional dos Museus, comemorado no passado dia 18, mas vai estar patente até 18 de Julho contando com alguma animação, mostras etnográficas e musicais.
Patrícia Correia