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Municípios refutam valores cobrados pela AZC

Câmara da Guarda é a que mais deve à empresa multimunicipal de água, saneamento e resíduos

São 18,3 milhões de euros que os 14 municípios devem à Águas do Zêzere e Côa (AZC) pelos serviços de fornecimento de água, tratamento de esgotos e depósito de lixo na Central de Compostagem Quinta das Areias.

A falta de pagamento dos serviços prestados pela empresa pública há cinco anos parece ser uma factor comum a quase todos os municípios, embora uns devam mais, do que outros. A liderar o “top” dos municípios mais devedores está a Câmara da Guarda, com um débito de 6,4 milhões de euros, seguida do Fundão com 2,5 milhões de euros e Penamacor com 2,2 milhões de euros em dívida. Para dissolver a dívida, Joaquim Valente adiantou a “O Interior” ter conseguido «renegociar um pagamento faseado» desta quantia. No entanto, o autarca guardense discorda dos valores apresentados pela empresa multimunicipal: «Há uma parte que terá que ser melhor observada», adverte, defendendo que a Câmara não «deve assim tanto» à AZC.

Opinião semelhante tem Carlos Pinto, líder da Câmara da Covilhã. Apesar de não ter aderido ao sistema multimunicipal de água e saneamento – que se encontram entregues aos SMAS e à Águas da Serra, respectivamente – é outro dos municípios com mais valores em dívidas. E isto apenas por recorrer ao serviço de recolha e depósito de lixo, perfazendo uma factura de 1,8 milhões de euros. «É mentira», retorquiu o autarca, advertindo para uma «diferença» das contas apresentadas pela AZC e as feitas pelo município. «Esses valores têm que ser apurados», acrescentou, salientando ainda a necessidade de se rever o preço por cada tonelada de lixo depositada na Central de Compostagem. Carlos Pinto negou ainda que a autarquia esteja em falta de pagamento, atirando que «tem pago as contas mediante cheques faseados».

As contas apresentadas pela empresa também não caíram nas “boas graças” do autarca de Pinhel. «Discordo completamente dos valores apresentados» [285 mil euros], disse António Ruas, avisando que o município de Pinhel apenas deverá ter em dívida qualquer coisa como 100 mil euros. O autarca fez soar a sua indignação à contabilidade apresentada pela AZC numa reunião de accionistas para debater a situação, chamando-os à atenção que entre a data da facturação (30 de Novembro) e a assembleia-geral de accionistas (5 de Desembro), já tinha sido paga uma grande parte dos valores em débito. De resto, e embora compreenda a situação das autarquias com os sucessivos cortes orçamentais, António Ruas alerta também para a necessidade dos municípios pagarem os valores em débito para que a empresa não vá à «falência». «Uma sociedade não pode ter sucesso se os seus accionistas não cumprirem os seus compromissos», rematou.

Recordar apenas que Belmonte e Sabugal também se encontram na lista dos municípios com mais dívidas: 1,5 e 1 milhão de euros, respectivamente. Já Figueira de Castelo Rodrigo tem uma factura de 809 mil euros para pagar, a Mêda (453 mil), Almeida (298 mil), Trancoso (250 mil) e Celorico da Beira (219 mil euros). Os menos devedores são Fornos de Algodres (154 mil euros) e Manteigas (153 mil euros).

Liliana Correia

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