A viver uma crise devido à baixa cotação do tungsténio, o complexo mineiro da Panasqueira, na Covilhã, foi adquirido pela maior empresa de produção de tungsténio do mundo. A multinacional canadiana Almonty, que tinha vendido as minas ao conglomerado japonês Sojitz Beralt Tin and Wolfram em 2008, concluiu o negócio na semana passada, não tendo sido revelados os valores envolvidos.
«Não há qualquer intenção de reduzir o número de trabalhadores, bem pelo contrário. Há, isso sim, a intenção de aumentar a produção e, consequentemente, o número de funcionários nessa área», declarou António Corrêa de Sá, que será administrador executivo na empresa, adiantando que esse crescimento deverá verificar-se nos próximos seis meses. Ou seja, o contrário do que aconteceu nos últimos tempos, pois, no último ano, a Sojitz reduziu em cerca de 20 por cento os postos de trabalho. A Almonty, que é dona de várias minas em diferentes países e que já tinha sido proprietária da Panasqueira entre 2005 e 2008, encara o couto mineiro do concelho da Covilhã «como um ativo importante para continuar a afirmar a importância deste grupo na produção de tungsténio fora da China». Nesse sentido, Corrêa de Sá está confiante na recuperação da cotação do minério.
O ano de 2015 foi um dos mais problemáticos para o complexo da Panasqueira, que sofreu «perdas incomportáveis» devido às constantes quedas do preço da matéria-prima. O alerta soou em março, quando a Sojitz admitiu pela primeira vez que a laboração estava em risco por causa da redução da produção e da baixa cotação do tungsténio nos mercados internacionais. A paragem não aconteceu, mas a concessionária viu-se obrigada a reduzir os efetivos, contando atualmente 244 trabalhadores (em março eram 339). Vítor Pereira, autarca da Covilhã, ficou «satisfeito» com este negócio e disse esperar que a operação se traduza «na resolução dos problemas e num maior investimento e modernização daquela exploração de volfrâmio». Já Paulo Fernandes, edil do Fundão, também desafia o novo proprietário a apostar «na continuidade e viabilização» das minas. Por sua vez, o porta-voz do sindicato dos mineiros já declarou que este negócio «é uma boa notícia, uma vez que permite manter os postos de trabalho». Lembrando que «havia muitos receios quanto ao futuro», Luís Paulo Mendes declarou que a expetativa é que a nova administração traga «boas ideias e novas intenções e não seja como os outros».
As Minas da Panasqueira são a única exploração de extração de volfrâmio a laborar em Portugal, que dá emprego essencialmente a pessoas dos concelhos da Covilhã e Fundão no distrito de Castelo Branco, e Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra.
Luis Martins