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Multidão de fiéis recebeu novo Bispo

D. Manuel da Rocha Felício foi empossado Bispo Coadjutor da diocese da Guarda numa cerimónia religiosa com pompa e circunstância

«Olha, filho, já lá vem», exclamava uma senhora junto à porta principal da Sé Catedral, enquanto se acotovelava para conseguir ver de perto o novo Bispo Coadjutor da Guarda. «Que sorriso tão lindo», sentenciou de pronto, apontando em direcção ao cortejo que, no último domingo, subiu a calçada de acesso à catedral. «Seja bem-vindo», gritaram as centenas de fiéis presentes a D. Manuel da Rocha Felício, enquanto a senhora deixou escapar, baixinho: «É um homem lindo». Com palmas ou palavras de apreço, com terços ou cartazes na mão, todos quiseram dar as boas vindas e ver de perto o novo prelado da diocese, que foi retribuindo com sorrisos e agradecimentos. Não faltaram também recados vindos da Bendada, que pedia «a sua libertação» numa bandeirola desfraldada bem alto.

O longo cortejo, formado por cerca de 200 padres de todas as paróquias da diocese e mais de uma dezena de bispos, encheu as ruas da cidade de cânticos religiosos e muita solenidade. A procissão começou na Igreja da Misericórdia e rumou até à Sé, que desta vez foi pequena demais para tanta gente. Coube aos bispos e ao cardeal patriarca de Lisboa fechar o cortejo. D. José Policarpo presidiu mesmo à cerimónia de tomada de posse e à eucaristia que se seguiu, marcada pela leitura das cartas e da bula papal de nomeação do novo Bispo Coadjutor, enquanto D. Manuel da Rocha Felício ocupava, serenamente, um dos majestosos cadeirões junto ao altar-mor. Depois das leituras litúrgicas, D. José Policarpo convidou o novo prelado da Guarda a sentar-se na cátedra. Fez a seguir a profissão de fé e o juramento à Sé Apostólica, antes de se dirigir aos fiéis, a quem revelou alguns dos seus objectivos. Especial atenção vai merecer o diaconado permanente, «até agora inexistente na diocese», com vista ao reforço da presença da Igreja, a Pastoral dos Leigos e a formação permanente do clero. Nas suas primeiras palavras enquanto Bispo Coadjutor, D. Manuel da Rocha Felício prestou homenagem ao titular da diocese da Guarda, D. António dos Santos, ausente por motivos da doença que nos últimos meses tem provocado o seu afastamento do serviço episcopal.

O novo bispo relembrou ainda que no próximo 2 de Fevereiro, D. António dos Santos vai comemorar 25 anos na diocese guardense, uma efeméride que gostaria de ver também celebrada pela sociedade civil. Durante o seu discurso realçou ainda que as congregações, instituições religiosas, institutos seculares e associativos da área do bispado guardense, vão merecer a sua atenção e frisou particularmente o Instituto de Direito Diocesano, cuja identidade quer ver «fortalecida». Por outro lado, D. Manuel manifestou a intenção de uma colaboração estreita entre a diocese da Guarda e as vizinhas de Lamego, Viseu e Bragança «no processo exigente da formação dos nossos futuros padres». E defendeu reuniões mais regulares dos Bispos da Centro, para que as respectivas dioceses tenham uma «posição concertada» sobre projectos, estratégias e intervenções na sociedade civil. Quanto ao futuro da diocese: «Programa ou novidades? Não tenho. escuto o Senhor e o Seu Evangelho», diz categoricamente. Em relação aos colaboradores mais próximos do presbitério, D. Manuel Felício realçou na homília que pretende estar mais próximo, «em toda a linha, no seu bem humano, espiritual, pastoral e material». No final da cerimónia, o novo Bispo jantou com o clero da diocese no Seminário da Guarda. D. Manuel da Rocha Felício era Bispo Auxiliar do patriarcado de Lisboa há dois anos e foi nomeado para o novo cargo a 21 de Dezembro de 2004, porque o actual Bispo titular está doente e incapacitado de dirigir os destinos da diocese.

Patrícia Correia

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