P – Qual o balanço que se pode fazer destes 20 anos de ensino profissional em Portugal?
R – É um balanço muito positivo. O ensino profissional cresceu bem ao longo destes anos, houve um ímpeto inicial muito importante e depois desenvolveu-se bem. O Ministério da Educação tem dado muito apoio, apesar das dificuldades, e, sobretudo, as instituições locais têm dado um contributo precioso. São cerca de 400 entidades da sociedade civil portuguesa que estão a apostar e a desenvolver estas escolas e creio que isso é muito importante. As escolas sempre tiveram muito sucesso educativo e a prova do sucesso é que hoje temos estes cursos a serem também criados nas escolas secundárias. Portanto, creio que essa rede de um serviço público de educação, que é prestado nas escolas secundárias estatais e privadas, representa uma natureza dinâmica, e isso é muito bom para o país.
P – Quais são as perspectivas para o futuro?
R – Temos que estar muito atentos, porque o futuro tem aspectos potencialmente muito positivos. Toda esta dinâmica de incremento do ensino profissional no país é muito positiva. É o ensino profissional que nasceu há 20 anos em todo o país que hoje estamos a alargar e isso é muito bom. Espero que o Governo o faça, e com qualidade. É muito importante rever, avaliar e monitorizar muito bem a maneira como se está a espalhar agora, mas é uma medida muito importante que deve crescer. Creio que há apoio político, local e muitos jovens e adolescentes precisam deste tipo de ensino para se realizarem pessoal e profissionalmente, e isso é muito importante. É importante que os portugueses se sintam empenhados, motivados e deixem esta lógica miserabilista e sejam pessoas muito activas e empenhadas em construir um país novo. Creio que o ensino profissional é muito importante para isso.
P – Como vê o trabalho desenvolvido pela Escola Profissional de Trancoso?
R – É excelente. Vim cá desde a primeira hora, mudaram muitas vezes de instalações, tiveram um percurso muito difícil, mas sempre com muita garra, determinação, alegria e muito apoio local. Hoje estamos num edifício novo muito bonito e estas gerações mais novas têm condições excelentes de crescer e de progredir. Acho que isso se deve a muita gente, à Câmara, à Associação Empresarial, a muitos professores e a funcionários dedicadíssimos. É a eles que devemos isto e devemos louvá-los por isso.
Perfil
Joaquim Azevedo nasceu em 1955 em Natural de Milheirós de Poiares, Santa Maria da Feira. Foi director geral do Ministério da Educação entre 1988 e 1992 e Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, entre 1992 e 1993. Actualmente é Professor Catedrático da Universidade Católica e Director da Faculdade de Educação e Psicologia. É licenciado em História e Doutorado em Ciências de Educação pela Universidade de Lisboa.