O Figueirense “matou” um borrego com 5 anos, tantos quantos não ganhava em Almeida, ao vencer um jovem e inexperiente adversário. Ainda assim, e pese embora o desnivelado – e exagerado resultado, não se julgue que foi fácil já que ao intervalo persistia o 0-0, uma mão cheia de remates de parte a parte e um “fantasma”, quase trauma, o dos maus resultados dos visitantes em Almeida. Num jogo sem “alma”, pode-se mesmo dizer que o Almeida esteve bem na defesa, mas também ineficaz no ataque.
O trauma psicológico do Figueira só desanuviou quando, de forma consentida, Bruno Coutinho inaugurou o marcador, após cruzamento de Silva, aos 53’. O golo tranquilizador surgiu aos 64’, por Manuel Rodrigues, na transformação de uma grande penalidade. Nuno rasteirou um avançado do Figueira e viu o vermelho. Pénalti dizem uns, fora de área respondem outros. Fica o beneficio da dúvida para o árbitro. É este, alias, o lance que dá o mote à revolta de Ana Paula Gonçalves, a presidente do Almeida, indignada com o cartão mostrado ao jogador do Estrelas, já que na sua opinião «não há pénalti. É uma vergonha haver alguns árbitros como o que aqui esteve hoje. O Figueira não precisava», refere, inconformada. A perder por 2 e a jogar com 10, o Almeida tentou contrariar o poderio atacante do Figueira mas não conseguiu. O avolumar do resultado foi natural, com João Paulo, entrado ao intervalo, a aumentar aos 72’. O Ginásio, sem jogar bem, pressionou o cada vez mais débil Almeida a tal ponto que Dantas quase faz auto golo num alívio e, na ressaca, Rutt, com alguma sorte à mistura, marcou o quarto aos 78’, num golo que acaba por ser de belo efeito.
O quinto foi oferecido de “bandeja” aos 82’ por Silva (que travou um despique interessante com o Silva, de Figueira, seu irmão, por sinal) a Paulo Jacinto, que não o festejou já que é a primeira época que não joga com a camisola do Almeida. Quatro minutos depois, Bruno Coutinho, em contra-ataque, bisou e fechou a contagem. O árbitro não comprometeu, mas também condescendeu, já que alguns – muitos – foras de jogo e alguns cartões foram autênticos “pedidos de boca”. Mário Quadrado, presidente do Ginásio, era um homem «feliz e mais descansado, já que ultrapassámos um obstáculo psicológico e que em muito atrapalhou o Ginásio nos anos anteriores». Conformada com a vitória do Figueira e indignada com o trio de arbitragem, a presidente do Almeida, Paula Silva, que ainda não pontuou, confrontada por “O Interior” se estava arrependida de ter abraçado este projecto, respondeu peremptoriamente: «Nunca!»
Carlos Coelho