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Muita gente, mas pouco negócio

Feira de S. Francisco realiza-se todos os anos em outubro na Guarda

De falta de gente a Feira anual de São Francisco, na Guarda, não se pode queixar. Na última terça-feira, o habitual frenesim tomou conta do Campo da Feira e, em torno das diferentes bancas, o cliente regateia, mexe no artigo, pergunta preços, dá sinais de querer comprar. Mas, hoje em dia, da vontade ao concretizar do negócio vai um passo demasiado grande. Os comerciantes falam da crise e de um decréscimo «significativo nas vendas».

Alírio Almeida, comerciante de móveis, garante que «as pessoas até têm vontade de comprar, mas adiam sempre para outro dia». Um dia que, na maior parte das vezes, não chega a vir. «De ano para ano nota-se a quebra», lamenta. Eugénia Fonseca corrobora esta versão. A vendedora participa na feira há 35 anos e diz que antigamente «trazia quatro pessoas para ajudar no atendimento», enquanto hoje o seu trabalho e o do marido é suficiente para a quantidade de negócios que fazem. Entre tecidos e cortinados, vê muita gente passar, parar, perguntar, mas poucos são os que realmente compram. «É a crise. O que é que se há-de fazer?», questiona. «A pessoa até quer comprar, revolteia o artigo, interessa-se pelo preço, mas como não trazem dinheiro, não compram», garante. As expectativas de Moisés Dias também saíram goradas. «Feira de ano é feira de ano», diz, mas «as ideias às vezes saem ao contrário». Nesta banca de roupa, também são poucos os negócios que realmente se concretizam. E mais uma vez é à crise que se aponta o dedo. «Participo há 28 anos. Antes saía daqui já de noite, agora ao meio-dia a feira está praticamente acabada», lamenta. O comerciante garante que «as pessoas estão a falir aos poucos», juntamente com as empresas e, por isso, «o poder de compra diminui cada vez mais». Fernanda Oliveira, outra comerciante, também culpa a falta de dinheiro, mas acrescenta que «o tempo quente também não ajuda». «Esta era uma feira onde os clientes já vinham com ideias de comprar artigos de inverno, este ano está calor e não se lembram tanto disso», explica.

As opiniões são unânimes e até quem está apenas de passagem, para ver e comprar, concorda com a visão dos comerciantes. Ângela Tavares diz que «a feira já não é como antigamente». «As pessoas vêm na mesma porque é um vício, uma tradição. Vêm para tomar um copo, passear, mas antes tinha ainda mais gente, mais vida e fazia-se mais negócio», reconhece.

Catarina Pinto Comerciantes queixam-se de vendas baixas

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