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Mudam-se os tempos…

O Centro de Estágio de Alto Rendimento da Guarda já não vai ser feito. Isto segundo notícia recente dada por Hermínio Loureiro, Secretário de Estado da Juventude e Desportos, numa recente visita à região. Foi no mínimo desastrosa a intervenção do governante. Primeiro, porque, e isto quer se concorde ou não com a construção do Centro, ou com o seu faseamento de construção (primeiro os campos ou primeiro o hotel de desportistas?), essa era uma obra, que de tanto falada, já tinha sido interiorizada pela maioria dos cidadãos como um projecto a levar por diante. Segundo, porque foi parco e pouco convincente nas explicações dadas para se alterar uma decisão já tomada por executivos anteriores e que vinculava o Estado pelo menos na palavra dada. Agora faz-se tábua rasa de todos os acordos, rasgam-se os planos. Esquece-se o tempo e dinheiro gastos a estudar e a delinear o projecto. Esquece-se o terem sido conduzidas negociações, promovidos encontros, exercidas influências, encomendados estudos (e pagos!). Seria até interessante fazer uma contagem do tempo gasto em reuniões, quer do executivo quer da Assembleia Municipal, a falar do Centro de Estágios. E o espaço e tempo de antena dedicado ao assunto em órgãos de comunicação social regionais? Esforços em vão, pelos vistos. O sr. Hermínio Loureiro decidiu, falta saber em nome de quê ou de quem, que não. Que o país não precisa do Centro de Estágio na Guarda. Que basta o do Jamor, em Lisboa. E que só quando esse estiver concluído se verá se algo de mais complementar se fará. Uma visão centralizadora de quem tanto fala em descentralização. O Centro previsto para a Guarda seria feito com fundos do Quadro Comunitário de Apoio, como tal, um negócio vantajoso para o Governo português . Agora, pelos vistos, as verbas destinadas à Guarda foram desviadas para Lisboa (e depois se verá…). O que significa esta radical mudança de planos? Que a verdade de hoje é a mentira de amanhã, à boa maneira dos dirigentes do futebol indígena? Que a cor política das autarquias influencia, ou não, o apoio dos projectos de desenvolvimento por parte do Governo, numa prova de tacanhez e de falta de grandeza política? O pior ainda é que, para sustentar a decisão, o secretário de Estado argumentou que tinha sido o movimento associativo a dizer que era preferível ter um bom Centro de Desportistas em Lisboa do que vários a nível nacional. O que seria de esperar? Que o movimento associativo optasse pela Guarda em vez de Lisboa, sabendo-se à partida que a maior parte das associações e federações são residentes na região de Lisboa? A política, quem tem de a delinear e executar é o Governo, não o movimento associativo (embora o deva ouvir). Convém é que se respeitem os acordos anteriormente assumidos. É que os habitantes das regiões desfavorecidas do interior podem até ser simpáticos na maneira de receber, agora estúpidos é que não são, com toda a certeza.

Por: Fernando Badana

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